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sábado, 1 de novembro de 2014

O assassino da catedral - Parte FINAL





Abraham Markus, o curioso frade franciscano e que entrara na paróquia a cerca de cinco anos, mantinha sempre uma expressão misteriosa no rosto. Era um paradoxo: Adorava despir-se das batinas e usar roupas comuns, principalmente seus alegres tênis de corrida com um shorts de caminhada à altura do joelho. Enquanto isso mantinha uma vida sombria e aparentemente em total imersão na religião. Sendo assim, fizera poucas amizades na cidade, e aproveitava seu passeio matinal para saudá-los e tomar o café com eles.
Ligou para Hanz, que provavelmente o aguardava ainda para o desjejum matinal, e desculpou-se pelo atraso que cometia naquele dia.
-Não, padre, não demorarei. – A impressão era de que todos da paróquia se autoproclamavam padres. Apesar de alguns deles serem superiores dos outros.
-Certifique-se de que estará aqui às onze da manhã para começarmos os preparativos para a missa dominical. – Cônego Blaun parecia conversar com alguém do outro lado da linha. Abraham aportou em frente a uma porta singela e velha, parou, e prestou atenção à conversa.
Apesar disso, não pode ouvir muito do que se dizia, apenas reconhecer uma segunda voz masculina. Seria mais um dos padres?


          -Abraham? – Hanz tremulou a voz quando questionou.
-Sim. Ainda estou na linha. – Respondeu continuando a perguntar-se quem era o interlocutor escondido por detrás do telefone.
O frade Markus foi surpreendido por Heinrich, um amigo jovem da cidade, que o aportou e convidou-o para um café. Curiosamente, era a duas casas dali. Entraram ambos em um sobrado tipicamente europeu, feito de madeira, decerto que era pinho ou carvalho, tendo em vista o cheiro característico. Contudo, a sala principal cheirava a morango e chocolate, como ambos adoravam.
Abraham largou o telefone em cima da mesa de centro do quarto de Heinrich, preocupado apenas com momento. Não pode perceber que Hanz deixara cair o seu do outro lado da linha, certamente obra de algum psicopata com quem conversava. Abraham não ouviu os gritos do outro da linha. Hanz também não.
Segredos às vezes são terrivelmente macabros e pecaminosos.

Isaac se encontrava com pilhas e mais pilhas de papéis, depoimentos, anotações e fotografias em cima da velha cômoda de sua cama, analisando cada minúsculo detalhe com afinco.

Heinrich terminou o que fazia com Abraham, deixando-o absorto e desnorteado.
-Acho que me sinto mal. Perdoe-me. – O religioso saiu apressado, lembrando-se do compromisso com a paróquia. Conferiu o relógio metálico, correndo ao ver que já se aproximavam às cinco horas da tarde.
Heinrich ficou ali, pensativo e satisfeito.

Hanz aportou na cozinha da catedral, com as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo, escondidas principalmente do frio. Se tivesse parado para raciocinar, viria que lhe faltava um dos subjugados, frei Emmanuel, mas estava totalmente preocupado com o atraso de Abraham.
A porta da igreja se abriu abruptamente e tragou o alto e bonito homem para dentro, apressado e com a batina negra esvoaçando por causa da velocidade acelerada. Hanz ouviu de repente uma batida de leve na antiga porta da cozinha, porém não se desviou do café quente que tomava. Gostava de contemplar a fumaça alva rodopiando no ar como se fosse um pequeno redemoinho no fundo do oceano azul. O cônego dava vaporadas para fazê-lo rodopiar ainda mais rápido e girar em ângulos cada vez mais tortos em relação à horizontal, quase se verticalizando.
Concentrado no que fazia, não deu oportunidade de o evento sugar de si o momento prazeroso que era tomar o café negro.
-Cônego? – Abraham questionou baixinho, ainda parado debaixo da porta, metade bufando, metade preocupado, o que lhe causou certa estridência na voz.
O homem alto continuava entretido com o café.
-Cônego Heiz?
Nada.
-Heiz!
Ele pulou de susto, derramando todo o café na mesa e espirrando uma grande quantidade em sua batina limpa.
-Já não bastava estar atrasado, ainda assustas-me?
O jovem clérigo não se conteve e corou de tanto rir.

Aciel e Mats estavam na academia, trabalhando os músculos.

Heinrich abriu as pestanas e viu que havia cochilado por alguns instantes. Ainda nu passeou pelo sobrado de dois andares, exibindo maestria em conduzir uma bolinha de massagem por entre os dedos. Passava-a do indicador ao polegar, manuseando o conjunto dos dedos da mão de forma a fazê-la massagear os músculos, avivando-os. Parecia esperar algo. Ou alguém.

Pense, Isaac... O que poderia levar uma pessoa a cometer tal crime? O que?” O detetive bebeu seu segundo copo de café, o líquido que o sustentara acordado por três dias inteiros. “Não! É isso!” Saiu correndo e largou a porta do escritório entreaberta.

Hanz encontrava-se caído no chão. Abraham encontrou-o desacordado, cerca de vinte minutos de tê-lo deixado para trocar de roupas. Vestiu novamente a batina e precipitou-se a erguer o cônego desmaiado. Pegou o celular e telefonou.
Não foi para o serviço de emergência, contudo.

Heinrich teve de abandonar seu compromisso para encontrar-se com Abraham, que o chamava. Quase se esqueceu de vestir as roupas, mas ao botar os pés para fora da sacada do sobrado, sentiu um frio gelado encolhendo-lhe o membro. Naquele dia, usaria sua roupa preferida: Um short de caminhada estilo europeu, com um pequeno colete de malha ressaltando seus bíceps saltados, e uma abertura no peito rasgada até o umbigo. Apesar do frio lá fora, não iria se cobrir. Colocou o tênis de caminhada e partiu em auxílio do amigo.

Isaac passava pela rua de carro, um utilitário negro como piche e sujo de neve. Dobrou a esquina principal da cidade e pegou a Avenida Monroe em direção à catedral de Santo Benizário. Não sem antes avistar um homem estranhamente vestido deslizando os pés pela rua em uma quase marcha atlética. No banco do passageiro, vários papeis que formavam um mosaico prestes a ser solucionado. Faltava-lhe apenas uma prova: A arma do crime.

Hanz já recobrava a consciência quando Heinrich chegou à catedral, praticamente ao mesmo tempo que Isaac aportava com seu carro no estacionamento pedregoso da igreja. Aciel e Mats chegaram ao mesmo tempo, aturdidos.
-O que aconteceu aqui? – Aciel pegou um copo de água e despejou uma colher generosa de açúcar nele, misturou e deu nas mãos de Hanz Blaun. – Beba, cônego.
O religioso balbuciou algumas palavras que ninguém ouviu.
Ele abriu os olhos de forma assustadora, tornando a fechá-los quase que instantaneamente.
-Ainda bem que dormiu. – Heinrich disse, confiante. Seu peito movia-se para frente e para trás, em uma respiração pesada tal qual a de um bovino.
O detetive pôs a mão no pescoço do homem alto e esguio, conferindo-lhe a pressão.
-Ele não dormiu. Está morto.

Ninguém até o momento percebera que a peça crucial da história encontrava-se morta no confessionário. O local fechado esconderia o cheiro repugnante, mas não por muito tempo.

A polícia investigativa foi convocada às pressas para uma reunião de emergência. O detetive Isaac fora chamado, contudo, estava ocupado ao lado de Andrzej.
-Envenenamento. – O legista comentou.
O corpo de Hanz estava roxeado, com alguns hematomas escondidos nas axilas e no pescoço, como se alguém o tivesse tentado sufocar, depois o arrastado pelos ombros. Contudo, sua língua alaranjada não era um indício de sufocamento.
-Tentativa de defesa. Sinais nas mãos e na cabeça. Quem o matou queria ter certeza que os outros o viriam morrendo.
-Então quer dizer que...
-Acho que você andou conversando com o assassino hoje.
Isaac bateu em retirada e ligou o conversível negro, voltando em direção da catedral.

Heinrich despediu-se de Abraham, deixando-o triste a chorar na porta da igreja. Partiu a tempo de ver Isaac chegando, assim como várias pessoas que vinham para a missa. Contudo, naquele dia a missa seria cancelada.

-Foi você, eu sei! – Aciel discutia fervorosamente com Mats. Este se encontrava novamente no aparelho de abdominais do salão comunitário. A noite se aproximava, fazendo o galpão entrar em uma penumbra negra e mórbida, quiçá macabra.
Mats não respondeu, apenas saiu dando as costas para o irmão.

Tudo aquilo que Isaac havia pensado caíra abaixo quando Hanz fora envenenado. Agora, o assassino inovara novamente: Eva Blaun fora assassinada com um revólver, enquanto o cônego tivera uma morte lenta e dolorosa. Lembrou-se das palavras de Andrzej, dando-se conta de que agora todos eram suspeitos. Era uma possibilidade irrefutável.

Somente agora alguém em toda a cidade dera falta de Emmanuel. Dona Dolores McGrevon, uma senhora devota e educada, tinha ido à catedral no horário da missa, mas o frade Abraham dissera que a mesma fora cancelada. Ela pudera ver a expressão assustada em seu rosto. Confusa, não havia ido embora, e fora no salão comunitário para ver se encontrava alguém lá, em busca de mais informações.
Acabou acompanhando uma briga entre os padres Mats e Aciel.
-Foi você, eu sei! – Ela achara que Aciel sabia de algo muito suspeito sobre Mats. O padre saiu do galpão escuro com uma expressão raivosa em seu rosto. Não reparou na senhora que o observava a alguns metros da entrada do local.
Aciel saiu em seguida, mas este a reconheceu praticamente escondida atrás de um arbusto coberto de neve.
-Dolores! – O padre cumprimentou-a.
-Você brigava com seu irmão, padre? Você estava discutindo com ele?
Aciel não respondeu. Deu as costas à mulher e correu atrás do irmão, que havia sumido por detrás dos dormitórios dos párocos. Dona Dolores ficou ali, sozinha e desamparada, por algum tempo antes de dar a volta na igreja. A solução seria perguntar ao frei Emmanuel. Mal sabia ela que ele estava morto, duro no chão dentro do confessionário.

O homem chegou cautelosamente no lugar escuro, cheirando a mofo e com algumas infiltrações na parede. Era um cômodo aparentemente abandonado a cerca de novecentos metros da Catedral de Santo Benizário, em um caminho que passava por entre diversas casas seculares, algumas do tempo da guerra, outras resistindo à fúria da natureza. Um pequeno riacho correra tempos atrás por aquelas bandas. Agora, um fio de água escorria por entre as caudalosas margens do riacho congelado.
Afagou a arma gelada dentro da gaveta, ainda suja com o sangue de Eva Blaun, a prostituta mais cara de toda a região. Fechou a gaveta e escondeu novamente a pistola, olhando uma última vez para seu brilho metálico. Andou mais alguns passos para a direita, alcançando uma primitiva cozinha, composta apenas de uma pia malformada, um armário enferrujado e um fogão inutilizado que apenas servia de moradia para ratos. Abriu uma das portas, fazendo-a ranger alto.
Lá dentro, um par de luvas de couro e um pequeno frasco de vidro com um conteúdo transparente.
Riu abertamente um riso maquiavélico, colocando as luvas na mão e arrumando o cabelo.
Bateram na porta, rasgando-o o coração, fazendo-o pular um batimento cardíaco. Correu e abriu novamente a gaveta onde estava sua arma. Não estava mais lá.
Abriu a porta, com o coração nas mãos.
-Você? – A pessoa do outro lado não hesitou em apertar o gatilho.

Isaac ouviu um disparo ao longe, vindo das redondezas da igreja. Ainda aguentaria correr? Não quis nem saber, e disparou a quinze quilômetros por hora, decidido a elucidar este mistério de uma vez por outra.

-Frei Emmanuel? – Dolores questionava, acuada dentro da catedral vazia e escura, com todas as janelas fechadas e apenas alguns fachos de luz entrando por frestas na madeira que, por estarem tão alaranjados, eram os últimos raios de luz do dia. Logo, o ambiente entrou em profunda escuridão, um breu, e as luzes se apagaram de súbito em um blecaute geral.
A mulher andou mais alguns passos silenciosamente no escuro, contando os bancos que lhe faltavam para alcançar o altar, de onde poderia acender algumas velas. Ainda guardava consigo a caixinha de fósforos que fazia questão de levar para as celebrações todos os domingos. Tateou a ponta de um pavio de vela e achou os fósforos no bolso do suéter rosa. Riscou-os e fez surgir um fogo vermelho no meio da escuridão.
Acendeu a vela de forma apressada, mas tremia muito. Nunca tivera medo de escuro, porém se encontrar sozinha ali, em um cenário de crime, era realmente tenebroso. Virou-se cerca de noventa graus e sentiu cheiro de algo podre. Aproximou-se do confessionário e gritou ao ver aquela barriga farta repleta de larvas comendo-a lentamente.

O que fazer com aquele homem que havia acabado de atirar? O sujeito não tinha pretensão de fazê-lo, contudo, não teve outra escolha. Agora, tinha um fardo para carregar. Primeiramente, se perguntava os motivos que o levaram a fazer tamanha atrocidade com Eva Blaun e com o cônego Heinz. Achou, além da arma do crime que surrupiara de última hora, um vidro contendo veneno. Um líquido transparente, cristalino como água, capaz de matar com apenas uma gota.
Chamar a polícia? Pensariam que era ele o assassino.
Não tinha outra escolha e havia de concretizá-la naquela hora.

Isaac acendeu a iluminação de emergência e encontrou com uma senhora assustada chorando sentada em um dos bancos da catedral, segurando uma vela em uma das mãos e um pano de renda na outra. Não precisou perguntá-la os motivos daquele escarcéu, visto que suas narinas ardiam frente aquele fedor pungente. Pegou o celular e discou um número que, naqueles três últimos dias, havia se tornado uma discagem rápida.
Um homem de voz rouca atendeu.
-Instituto de criminalística, boa noite.
-Andrzej?
-Sim, quem é?
-Detetive Isaac. Acho que teremos que nos encontrar novamente antes de este dia se findar.

-Emmanuel Pigosy, o frei capuchinho. Morto e comido por larvas. Pelo estado da decomposição, não dou mais do que quatorze horas para o assassinato. Obviamente, entretanto, o assassino plantou as varejeiras na cena do crime na expectativa de que elas consumissem inteiramente com os restos do frei. Trágico.
-Então, qual a causa da morte?
-Um tiro do peito, de arma com calibre similar à que assassinara Eva Blaun.
-O que isto significa, meu caro?
-Significa que nosso assassino é bem menos esperto do que imaginávamos.

Dolores dera seu depoimento a Mattew, o policial incumbido da perícia naquele momento. A equipe de Isaac, cerca de cinco pessoas, estava totalmente concentrada na busca pelo assassino. A catedral fora isolada e desta vez ninguém entraria, nem se fossem padres.

O sujeito continuava sentado no mesmo lugar, na mesma posição e exatamente com a mesma expressão arrependida no rosto quando encarou a velha pistola prateada, deslumbrando o brilho do metal sobre a luz incandescente. Apontou a arma para a própria cabeça, sentindo o peso da ação que estava prestes a fazer cair sobre sua mente. Não quis pensar muito, e decidiu que o preço por ter matado uma pessoa era mais insuportável do que aquilo que faria.
Não hesitou e puxou o gatilho.

O assassino, porém, não havia morrido, apenas derrubado com o impacto à queima-roupa, que passou de raspão em seu ombro e fê-lo desmaiar por ora. Acordou com o peso de um corpo morto em suas pernas, e uma poça gigantesca de sangue escorrendo de suas vestimentas, sujas e profanadas com a morte.
Retirou a arma da mão do defunto, rígida como deveria estar, e ainda usando as luvas, guardou-a em seu bolso direito, de onde nunca mais deveria sair.

Isaac ouvira este segundo disparo, desta vez reconhecendo a origem da vibração. Era um cômodo abandonado, distante duzentos metros do instituto de necropsias onde estava com Andrzej. Largou o legista engavetando Emmanuel e preparando-o para encaminhá-lo à funerária e contatou Mattew pelo rádio da polícia, solicitando sua ajuda.
Andaram os dois por alguns poucos minutos até que aportaram em um casebre mal iluminado e com uma porta velha de madeira trancada por fora. O policial usou um alicate para romper a corrente enferrujada e ambos entraram de uma vez no ambiente, dando de caras com o corpo do frade Abraham com um tiro na testa, caído ao chão, e uma poça de sangue em formato de outro corpo ao seu lado.

Somente sobravam três suspeitos para ser incriminados, Isaac sabia disso, mas a quantidade de assassinatos em menos de três dias o surpreendia, e toda esta perseguição havia o deixado louco, maluco, e ansioso por solucionar todos os crimes, que estavam visivelmente interligados.
Abriu a porta do carro e dirigiu de volta à catedral, apressado.
Acabou encontrando Dolores McGrevon mais conformada, com os olhos empapuçados de alguém assustado. As luzes vermelhas e azuis da polícia tomavam conta do lugar, e parecia que toda a cidade poderia se espremer na avenida à frente da construção para acompanhar as investigações, gerando um burburinho intenso que fazia Issac mais apreensivo.
Ouviu-se um farfalhar de arbustos ao lado da catedral. Os policiais apontaram a arma como forma de precaução. Isaac apontou a sua também.
-Saia daí o que quer que seja! Agora!
Nada se moveu.
-Estou ordenando! Não me obrigue a atirar!
Nada novamente.
Silenciosamente, Isaac movimentou as mãos e ordenou a parte da equipe para se deslocar para um ângulo mais favorável, de forma que pudessem enxergar por detrás da moita. Mattew foi quem falou, espantado, para todos ouvirem em alto e bom tom:
-Isaac. A caçada acabou. O assassino é o padre Aciel, que não aguentou a pressão e se suicidou, com um tiro no peito, deixando para nós a arma do crime.
A multidão ficou revoltada e ameaçou invadir e depredar a catedral. Isaac teve de disparar para o alto para contê-los. Mats apareceu correndo do outro lado da igreja, com uma trouxa de roupas na mão. Os holofotes da viatura foram direcionados a ele.
-Pare, padre. O senhor está preso!
Mas Mats não obedeceu. Isaac teve de ordenar uma contenção mais severa. O detetive não teve outra escolha, porém Mats foi atingido bem na cabeça, por um tiro certeiro disparado por Mattew, quase que de forma acidental, matando-o instantaneamente.
-Ele matou o próprio irmão e o resto da paróquia, tudo porque era pai do filho de Eva Blaun, a prostituta. – Disse Isaac a Mattew e à equipe. – Depois de descobrir a gravidez, resolveu matá-la para evitar o pior. Emmanuel sabia demais. Abraham era demais fofoqueiro. Aciel era da família e descobrira tudo. A cidade está finalmente salva!

Não obstante, Heinrich estava do outro lado da rua acompanhando tudo, ainda usando uma bata negra como a noite que servia de disfarce. Retirou as luvas e riu maliciosamente. Era gay e Abraham havia tido um caso com ele. Aquele frade, contudo, havia engravidado uma prostituta, Eva Blaun. Ele não poderia aguentar mais, tinha de fazer algo. Acabou sobrando para Emmanuel, que sabia demais. Aciel descobrira tudo quando encontrou um preservativo usado dentre as vestes de Abraham, já desfalecido no chão. Ele gostava de guardar para si recordações de seus noitadas com Heinrich.
Mats sofrera uma tremenda injustiça. O gosto da morte, entretanto, era mais delicioso. Deu meia volta e desapareceu para sempre com o sentimento de dever cumprido.

Cerca de duas semanas depois, Andrzej entrou correndo na sala do detetive Isaac, desesperado.
-Isaac! Ouça-me!
-O que foi, meu caro. Tem ainda a ver com o caso de Eva Blaun e o assassino religioso?
-Sim!
-Desembucha. – Isaac tratou-o com desdém.
-Não foi Mats o assassino.
O detetive pulou da cadeira.
-COMO ASSIM?
-Isto mesmo. Havia sêmen dentro do corpo de Abraham. Você sabe aonde.
Isaac se assustou mais ainda.
-E não é só isso. O mesmo esperma estava dentro de um preservativo nas mãos de Aciel. Emmanuel também estava com resquícios disto.
-O que isto quer dizer?
-Mats é somente mais uma vítima.
-E quem é o assassino?
-Heinrich Blaun.

Era tarde demais, o criminoso já estava muito, mais muito longe dali. 

FIM 
por Walter Crick e Brianna Morgan





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