A mulher aportou na sala secreta, escura e
tenebrosa.
Apenas uma lanterna de LED, disposta sobre uma mesa alta, emanando uma luz
fria, composta de fachos descontínuos que obrigavam qualquer pupila a
dilatar-se ao máximo. Pairava no ar um cheiro de tabaco, pungente e fustigante;
alguém fumava no recinto. A fonte de luz, recostada em uma mesa e com o foco
voltado para cima, lambia o forro amadeirado, revelando nada mais além de
partículas de poeira e fumaça, dançando no ar uma atabalhoada tarantela.
Um rosto
masculino emergiu da escuridão e fez saltar o coração da senhorita.
-Benedetta?
O fétido
aroma de cigarros acompanhou as ondas da voz do homem, abafada e rouca,
entupindo as vias aéreas da sedutora mulher. Fitou-a no fundo dos olhos verdes.
-Bueno, senhorita. Veio a mim assim que
lhe ordenei, como uma novilha que retorna à mãe somente pelo mugido.
Viu o
rosto da mulher enrubescer-se de raiva.
-Venha
aqui, por favor. – Balançou as mãos indicando-a o caminho.
A mulher
trajava um sobretudo negro e um chapéu bowler preto de veludo, ambos cortados
de forma a valorizar as curvas de Benedetta. Um corpete também escuro ajudava a
controlar os seios fartos, modelando ainda mais seu corpo. As pernas torneadas
e hidratadas em óleo de amêndoas atiçavam a gula dos homens mais pecaminosos,
fazendo-os delirar. Os braços delicados contrastavam com a abundância do resto
do conjunto, porém eram um charme na composição; lançando os marmanjos a um
abraço muitas vezes fatal, que já culminara em muito sangue no passado.
Os olhos
do velho acompanharam a escuridão cor de ônix das íris de Benedetta. Estas
evidenciavam mais do que sedução, escondiam mistérios indecifráveis e
incorruptíveis, decerto inabaláveis; escondidos da alma da senhorita, que se
aproximava, volúpia, do homem excitado.
Repousou
as mãos nas grossas coxas dela, sentindo a maciez delirante da carne quente. Um
aroma de amêndoas pairou no ar e contrastou com o tabaco a que estava
acostumado. Seus dedos finos e longos sentiram o quase veludo da pele dela,
fazendo escorrer desejo por entre as falanges carentes de cálcio. Apertou-a
levemente e envolveu-a em um abraço patriarcal, evoluindo rapidamente para um
solavanco e um puxão, aproximando-os ao ponto de quase tocarem-se nos lábios.
Aproximou-se de Benedetta ainda mais, dirigindo-se ao ouvido. Ela pode sentir o
bafo quente de vinho e nicotina rente à sua orelha esquerda.
-Pimpona, contratei-a para me satisfazer.
Ela riu
maliciosamente.
-Não é
isto que pensas, infelizmente. É algo mais difícil e perigoso. – Ajeitou a
garota e fê-la passar uma das coxas por seu colo.
Agora
estavam um de frente para o outro.
-Há uma
pessoa que me deve um favor...
-E quer
que eu te ajude a cobrá-lo. – Ajeitou uma mecha fina que caíra sobre o rosto.
Fitou-o nos olhos, ambos verdes como esmeraldas, claros e límpidos.
-Esperta
você, não? – Tragou o cigarro uma única vez, soltando uma baforada bem no rosto
da mulher. – Vejo que te trouxeram a mim numa hora extremamente oportuna. É a
pessoa ideal para este serviço.
-Diga-me o
nome do sujeito.
-Enrico
Capresi. – O sotaque do senhor puxava os erres
e o fazia assobiar os is. – Em
Florença, uma casa de número sessenta e seis. Visite-o e convença-o.
Benedetta
levantou-se e afastou-se do homem.
-Convencê-lo
de... – Hesitou.
-Convencê-lo
à, minha querida. – Levantou-se com certa dificuldade. – Há coisas perdidas no
tempo que vagam pela Terra atormentando meu sono e o de minha família. -
Olhou-a com uma expressão dura cravada no rosto craquelados pela idade. - Irá
até lá consumar o que começamos vinte e cinco anos atrás, quando ainda tínhamos
forças para tal.
Aproximou-se
novamente da garota, tão perto que pode segredar a tarefa somente a ela. Assustou-se
ao saber da história do velho.
-Desenterrar
o passado é afundar-se de vez no futuro, meu caro.
-Não
interessa! – Exaltou-se. – Estamos todos atolados em sujeira até o pescoço, não
é mesmo? – Gargalhou.
As luzes
de acenderam subitamente, penalizando as pupilas dilatadíssimas da sedutora
mulher. O susto foi imediato quando, em sua frente, apareceram cerca de vinte
homens musculosos, trajados em preto, de trench coats cinza e chapéus do tipo
cartola, identificados com uma pena vermelha na borda. Posicionados
milimetricamente ao redor da sala, pareciam uma coleção de figuras de ação,
saídas diretamente de um filme de Tarantino para a realidade. Desta forma, não
se distinguia nada além da altura deles, e suas identidades permaneciam
obscuras por detrás de grossas barbas, todas negras e aparadas com o mesmo
corte. Indistinguíveis.
Benedetta
ficou tensa e sentiu os músculos se retesarem na região lombar.
-Levem-na
daqui agora. Ela tem trabalho a fazer.
-Espere! –
Gritou. – Devo apenas questionar seu nome.
O senhor
de terno riscado-de-giz, com um cigarro em uma mão e um sorriso amargo no
rosto, pousou um fraco beijo na boca da mulher, o suficiente para fazê-la
tremer nas bases.
-Ninguém
sabe meu real nome. – Conteve-se. – Chamam-me Dulce. Prazer. – Estendeu a mão e tocou-a nos dedos macios.
Benedetta
abandonou a sala minúscula carregada por dois dos capangas do velho. Levou
consigo a incredulidade, estampada a ferro no rosto bonito.
***
A manhã
viera para Benedetta vagarosamente. Amarrada e desovada em um caminhão escuro e
discreto, foi vendada até pararem em uma cidade com aroma de vinho. Um capanga
desamarrou-a e empurrou-a do caminhão assim que estacionaram, partindo em
seguida e largando-a com o corpo na rua de pedras. Sentiu-se traída pelo Dulce. Aquele homem guardava mais
mistérios para si do que podia imaginar; além do mais, a tarefa entregue era
assustadoramente desumana. “Desenterrar o passado poderá afundar de vez o
futuro, meu caro.”, lembrou. Todavia, era algo a se fazer, e sua personalidade
forte a sugava para desafios como um vórtex, às vezes fazendo-a largar tudo
para tal.
Tudo
mesmo.
Segundo
informações do velho, a casa de Enrico era simplória por fora, mesmo que ele
fosse um dos maiores mafiosos de toda a Itália. Obscuridade era seu lema.
Sempre sorrateiro, fez crescer em Florença uma rede clandestina de tráfico. Era
tudo contrabandeado, desde cigarros, drogas, órgãos e pessoas para
prostituição.
Contudo,
seu grande trunfo passava despercebido aos olhos de todos, até mesmo de seus
próprios capangas. Isto ele partilhara com o Dulce quando mais jovens. Agora, ambos já de idade, estavam
separados pela distância e pelo tempo. Era exatamente isto que o velho queria
reatar.
Casa de
número sessenta e seis, Viale della
perdizione, bairro de Belladona.
Florença. Apareceu-lhe um número apagado à frente, visivelmente desbotado, um
dia fora pintado de preto. Não havia campainhas, tampouco janelas, apenas uma
porta de madeira caindo aos pedaços. A fachada da casa refletia a decadência
daquela região, e não fugia do padrão de construção da rua: Tijolos em pedaços
esfarinhavam ao toque, amarelados pela poeira e comidos por insetos. Rachaduras
minúsculas se espalhavam pela parede, quase um caminho de formigas que, por
sinal, eram bastante presentes.
Benedetta
bateu três vezes na portinhola carcomida. Nada aconteceu de imediato.
Subitamente,
tudo veio abaixo. O portal cedeu junto à parede da frente. Cairia em cima da
mulher se a própria porta não tivesse resistido à queda; algo que a estarreceu.
Houve um estrondo abafado e subiu muita poeira do entulho que fora ao chão.
Entretanto, momentos depois, tudo se acalmou e voltou ao normal. Aliás, aquela
rua estava demasiadamente silenciosa para a cidade, que sempre é
movimentadíssima.
Rodeou os
escombros da parede frontal e colocou o stiletto de 10 cm no piso empoeirado e
cheio de sujeira, perigando contaminar o precioso sapato de grife, negro como o
resto de sua roupa. A esta altura, o coração de Benedetta poderia estar
saltando do peito, contudo, ela já estava por demais acostumada à ação. Com
cuidado avançou, o piso rangendo a cada passada.
Alcançou
um corredor estreito e repleto de teias de aranha, percebendo restos do que um
dia fora um forro magnífico, decorado com florais pintados à mão com tinta a
óleo; tiras de tecido pendendo em direção ao chão, tenebrosas estalactites
feitas de memórias e mortas pela ação do tempo. Tudo ficou quieto naquele
momento. Não se ouvia nem mais os pássaros em revoada no céu, ou então a
respiração de Benedetta, que se tornou silenciosa e sublime. Pausadamente, ela
prosseguiu avançando, certa de que aquela deveria ser a casa certa. Número
sessenta e seis ouvira bem o Dulce balbuciar,
não havia se enganado.
Quando se
deu por entendida, percebeu que dera apenas dois míseros e ínfimos passos,
deixando marcas em meio à poeira densa e melada. Seria medo? Não era de se
esperar. Apertou o sobretudo negro contra o corpo e sentiu o cano do revólver
preso no corpete justo. Pode sentir o metal frio mesmo com um pano entre os
dois, que eram como irmãos. Benedetta não vivia sem seu revólver, gostava de
ter seus truques na manga.
Dobrou o corredor alguns metros à frente. Deparou-se com
um espelho e uma porta fechada. Apenas isso. O encontro com Enrico se
aproximava. Não se conteve e fixou as atenções na aparência, dando às caras
para o espelho longo e sujo. Os cabelos vermelhos cor de fogo apareceram no
reflexo, envoltos em um estilo channel repicado à altura dos ombros. Era linda,
e gostava de se arrumar para todas as ocasiões, sempre provocante e sedutora.
Ajustou o chapéu bowler no contorno da cabeça, prendendo a franja apenas
debaixo da costura do acessório.
Prosseguiu
caminhando rumo ao desconhecido, com o olhar certeiro fixo na porta amadeirada
no fim do corredor escuro. O piso velho rangia em tom mordaz sobre seus pés. A
casa, aparentemente abandonada, era um breu naquele momento. Um abismo de
incertezas habitava a boca escura que a engolia aos poucos. Era frio o corredor
e uma aura tenebrosa se apoderava das paredes sujas e descascadas. O rangido,
no entanto, parecia aumentar, em tom de ameaça.
Espantada,
parou de repente, o coração aos pulos. Um bafo quente alisou seus pelos
delicados da nuca, um som de respiração rompeu o silêncio que a pouco se
fizera. O medo a dominou. Uma mão gelada e de veias saltadas lhe pousou no
ombro... A morte viera buscá-la.
***
Acordou
com o cheiro de tabaco retornando ao lugar. Mesclado a outros tantos aromas,
talvez incenso, café, sangue... O fato é que sua consciência estava bem longe
naquele momento, a milhas de distância. Os olhos cor de ônix, misteriosos como
noite sem luar, buscavam alguma luz na escuridão. Ainda confusa, focou em um
borrão manchado em sua retina, tentando desembaçar a visão. Fora atingida por
alguma coisa... Sua cabeça doía.
Uma
pequena vela se acendeu na escuridão, irradiando calor e luminosidade. Em seguida,
diversas outras iluminaram o ambiente, gerando um ar tremendamente holístico. Contudo,
Benedetta ainda não distinguia a forma do objeto à sua frente, variando entre a
sanidade e a loucura. O borrão persistia em sua visão.
Algo
passou na contraluz, gerando uma sombra momentânea no corpo da mulher. Foi aí
que ela percebeu que estava presa, amarrada a uma parede. Nua.
Seu
coração pulava e tentava sair do corpo, crente de que teria um fim não tão
agradável. Os seios fartos estavam amarrados com cordas, praticamente separados
um do outro, como irmãos órfãos e levados para orfanatos diferentes. O abdômen
estava melado, ela achou que fosse óleo, mas não conseguia sentir cheiro algum
oriundo dali. Sob as sombras tremulantes da vela, discerniu algumas fitas amarradas
em suas pernas, que estavam fechadas, e em seus braços, abertos, fazendo o
corpo formar um “Y”. Seu cabelo
vermelho estava molhado de suor, tendo em vista o calor que fazia naquele
ambiente.
As velas
então se apagaram completamente, engolindo tudo na escuridão. Benedetta sentiu
algo a apalpando por trás, apertando alguns músculos e fazendo-a gemer. Doía. O
que quer que fosse possuía garras afiadas, que arrancavam filetes de sangue por
onde passavam. Uma ardência subiu pela coluna vertebral da mulher, fazendo-a
gritar de dor.
Uma faísca
iluminou a sala por um minuto. Parecia que alguém acendia um caminho de pólvora
no chão, bem fino e desenhando uma forma confusa. Benedetta ainda não
distinguia a forma que sempre esteve à sua frente, mesmo que sua visão
estivesse voltando ao normal. Este caminho ganhou uma luz vermelha e lentamente
foi se aproximando dos pés dela. Formava uma estrela, circunscrita em uma
esfera. A estrela de Davi.
As velas
recobraram o brilho, apavorando a mulher, que já gritava e gemia de dor, agora
de desespero. As garras chegaram a seus seios e rodearam os delicados bicos das
mamas. Ambos ferviam com um calor desumano, e uma roda marcava a pele bem
naquela região.
-Me solte!
– Gritou. – Não mereço isso!
Nada
adiantou.
E as
garras continuavam a descer, fazendo descarregar adrenalina no sangue de
Benedetta. O pobre coração pulsava mais do que tudo, à medida que os filetes de
sangue somente aumentavam. A mulher sentia-se fraca, como se algo sugasse sua
alma para fora do corpo.
As velas
aumentaram em número, e as luzes bruxuleantes ficaram cada vez mais azuladas
com o passar dos minutos. Um azul turquesa abraçou seu olhar e contrastou com o
vermelho da estrela que se compunha no chão.
Ouviu-se
uma batida no chão de madeira.
-Quem é?
Responda! – Benedetta estava agoniada, desesperada para se soltar daquela
posição incômoda.
Tentou se
lembrar dos motivos que a levaram ali. Recordou-se aos poucos das palavras do Dulce.
“Há coisas perdidas no tempo que vagam pela
Terra atormentando meu sono e o de minha família.” Ele disse. Qual a
conexão entre tudo isto? Onde estaria Enrico?
Algo se
encostou a seu umbigo. Gelado e molhado, fazendo-a berrar.
“Irá até lá consumar o que começamos vinte e
cinco anos atrás, quando ainda tínhamos forças para tal.” O que ele queria
dizer com aquilo? Buscou na mente o que ele poderia ter dito em seguida. O que
ele a segredara.
O objeto
começou a ficar mais nítido, com contornos curvilíneos e delineados. Era brilhante
e dourado, cor de ouro. Parecia-se com um copo, uma taça ou algo do gênero. As
velas prosseguiam acesas, algumas balançando, como se algo passasse em sua
frente e deslocasse ar. Uma sombra dançou na escuridão.
Benedetta
gritou.
-Por
favor! Por favor! – Lembrou-se das garras que alcançavam sua genitália. Olhou
para o chão e viu o triângulo se consumando. – Pare! – Nada adiantava.
As garras
alcançaram o meio das pernas. Benedetta berrou e, em seguida sentiu algo em seu
interior, queimando-a por dentro. Isto subia por seu quadril e se alastrava
pelo corpo, viajando na corrente sanguínea. Externamente, ela sangrava muito, o
que a deixava fraca. Os sulcos produzidos pelas garras eram profundos.
Então, em
um último arranque de forças, esganiçada e trêmula, nem um pouco sedutora ou
sensual, esboçou uma única palavra.
-Dulce.
Todas as
luzes se acenderam repentinamente e ela ficou embasbacada.
O cenário
era satânico. Percebeu que seu sangue era coletado por uma valeta e caia direto
em cima da estrela desenhada no chão. Os azulejos brancos da parede estavam
manchados de respingos de sangue, bem como tudo o que estava ao seu redor. Não
diria que aquela era uma casa normal.
As velas
continuaram a queimar, e formavam um padrão estranho em uma mesa ao fundo. Era
pequeno o ambiente, não mais do que 9 metros quadrados. Abafou-se tudo quando
ela percebeu que queimava um incenso forte, deixando-a com dor de cabeça. A
taça brilhante estava posicionada bem no meio de tudo.
-Dulce! – Berrou a plenos pulmões.
Uma sombra
se moveu na parede e seu peito doeu, bem como a região por onde as garras
entraram. Aliás, elas haviam desaparecido completamente, mas suas marcas
estavam em sua pele.
-Dulce! Dulce! Dulce!
Nada
acontecia.
Lembrou-se
das palavras do homem. “Você terá de ser forte. O que está prestes a fazer é
dificílimo.” Naquela hora não entendeu o que ele queria dizer. “Terá de dar seu
sangue por isso.”
Agora
entendia. Ele queria literalmente seu sangue.
-Dulce! – Demoradamente gritou.
O velho
homem se materializou em sua frente.
-Chamas-me?
– Sua voz teatral era intercalada, demoníaca e sórdida.
Benedetta
gelou dos pés à cabeça.
-Gracinha
você. Veio aqui a meu pedido, mesmo sem eu lhe dizer exatamente o que deveria
fazer.
-Deveria
cobrar uma dívida com Enrico Capresi.
-Não! Esta
é a piada! – Ele estava gargalhando, louco. – Não existe Enrico. Apenas existe
o Dulce.
-Me tira daqui!
– Ela se contorcia.
-Calma,
querida, você já é minha. – Pôs a mão entre suas pernas. – És minha. É
pecadora. És voluptuosa.
Ela gemeu
um misto de prazer e dor. Seu corpo queimava de dentro para fora. O sangue
começava a cristalizar.
-Morrerá
para que eu possa viver. – Debilmente riu em sua cara. –Não te disse que teria
que dar seu sangue? Viu, agora que me deu, és minha.
Tudo
começou a ficar preto, e o Dulce arreganhou
uma bocarra na direção de Benedetta. A garota dentou gritar, mas o demônio a
possuiu sem muita dificuldade. Afinal, ela havia se deixado possuir, aceitara a
proposta. Agora não havia solução. Sempre foi deslumbrante, nunca pensou em
morrer assim.
A visão
turva, lamacenta, borrou-se no tempo.
Gravada em
sua mente, a imagem do Dulce. Ele se
deliciava com um líquido viscoso e vermelho, doce e pungente. Sangue. Virou-se
para ela.
-Quer um
gole?
A
escuridão engoliu-a por completo.
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