“O perímetro da região metropolitana de Atlanta passa por eles em câmera lenta, uma série de florestas de pinheiros interrompidas por uma eventual cidade-dormitório ou um shopping de estrada. Passam por concessionárias tão escuras quanto um necrotério, o mar sem fim de modelos novos como caixões que refletem a luz branca da Lua. [...] Pequenos focos de incêndio aparecem aqui e ali. Os estacionamentos parecem mais salas de brinquedo de crianças insanas, os carros abandonados jogados sobre o espaço como brinquedinhos arremessados com raiva. Cacos de vidro brilham por todos os lados.”
Sobreviver
em um mundo deste parece uma tarefa no limiar do impossível, porém a raça
humana não sucumbirá tão facilmente aos mortos-vivos.
Exceto
pelo seu latente poder autodestrutivo.
Brian,
Philip e Penny Blake são uma família. Ou pelo menos o que restou de uma após a
morte de Sarah, esposa de Philip e mãe da garotinha Penny. Brian é uma sombra
na vida de pai e filha, aparecendo sempre como o tio envergonhado e banana perante o heroico e paternal
Philip Blake.
Vindos
de Waynesboro, uma cidade interiorana estadunidense, o grupo de Philip ― que
inclui seu irmão, filha, e seus dois amigos Nick e Bobby ― pode se considerar sortudo
por passar por diversas situações mortais e, praticamente com sucesso,
conseguir prosseguir na jornada pela sobrevivência em um mundo tão conturbado e
uma sociedade destruída.
Neste
livro conhecemos a verdadeira história – a primeira parte dela – de um dos mais
icônicos vilões dos quadrinhos e das séries, o Governador. É um cara durão
certamente, mas que carrega nas costas marcas de um passado frágil, conturbado
e de extrema paranoia.
Caminhando
pelos confins da Geórgia, nos Estados Unidos, o grupo enfrenta hordas de zumbis
a todo o momento, e se sente tentado a desistir várias vezes. O perigo é
eminente, vindo de todos os lados, tanto por parte dos mortos-vivos andantes ― que
arrastam soturnamente seus corpos putrefatos pelas ruas, prédios, casas, lojas
e em todo e qualquer lugar ―, quanto pelos humanos escondidos em becos, lixões,
florestas e lojas de departamento, tentando sobreviver a qualquer custa.
Neste
cenário caótico, será preciso sangue frio para executar ações impensadas e
imorais, colocando em cheque valores éticos e a própria humanidade em jogo.
Para quem gosta das reflexões político-sociais em histórias pós-apocalípticas,
é um livro certeiro. É muito mais do que a série, uma extensão aprofundada dos
quadrinhos. Os personagens são bem desenvolvidos e o final surpreendente cativa
o leitor e o fã de The Walking Dead.
Para quem, como eu, conseguiu com todas as forças sofrer junto com o povo de
Woodbury e o grupo de Rick Grimes na série, com toda a convicção desejará
conhecer a real história do Governador, onde nada é o que parece.
A ascensão do Governador é um retrato da loucura do
ser humano.
Mas é apenas o início...
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