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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

RESENHA - A ascensão do Governador(Robert Kirkman e Jay Bonansinga)

O perímetro da região metropolitana de Atlanta passa por eles em câmera lenta, uma série de florestas de pinheiros interrompidas por uma eventual cidade-dormitório ou um shopping de estrada. Passam por concessionárias tão escuras quanto um necrotério, o mar sem fim de modelos novos como caixões que refletem a luz branca da Lua. [...] Pequenos focos de incêndio aparecem aqui e ali. Os estacionamentos parecem mais salas de brinquedo de crianças insanas, os carros abandonados jogados sobre o espaço como brinquedinhos arremessados com raiva. Cacos de vidro brilham por todos os lados.”
   
    O mundo é um caos e os mortos andam sobre a Terra. Cidades inteiras destruídas e uma parcela enorme da população transformada em pedaços de carne apodrecidos que babam e rangem as mandíbulas, sempre com o olhar vítreo em busca de comida fresca.
    Sobreviver em um mundo deste parece uma tarefa no limiar do impossível, porém a raça humana não sucumbirá tão facilmente aos mortos-vivos.
     Exceto pelo seu latente poder autodestrutivo.
     Brian, Philip e Penny Blake são uma família. Ou pelo menos o que restou de uma após a morte de Sarah, esposa de Philip e mãe da garotinha Penny. Brian é uma sombra na vida de pai e filha, aparecendo sempre como o tio envergonhado e banana perante o heroico e paternal Philip Blake.
     Vindos de Waynesboro, uma cidade interiorana estadunidense, o grupo de Philip ― que inclui seu irmão, filha, e seus dois amigos Nick e Bobby pode se considerar sortudo por passar por diversas situações mortais e, praticamente com sucesso, conseguir prosseguir na jornada pela sobrevivência em um mundo tão conturbado e uma sociedade destruída.
     Neste livro conhecemos a verdadeira história – a primeira parte dela – de um dos mais icônicos vilões dos quadrinhos e das séries, o Governador. É um cara durão certamente, mas que carrega nas costas marcas de um passado frágil, conturbado e de extrema paranoia.
     Caminhando pelos confins da Geórgia, nos Estados Unidos, o grupo enfrenta hordas de zumbis a todo o momento, e se sente tentado a desistir várias vezes. O perigo é eminente, vindo de todos os lados, tanto por parte dos mortos-vivos andantes ― que arrastam soturnamente seus corpos putrefatos pelas ruas, prédios, casas, lojas e em todo e qualquer lugar ―, quanto pelos humanos escondidos em becos, lixões, florestas e lojas de departamento, tentando sobreviver a qualquer custa.
     Neste cenário caótico, será preciso sangue frio para executar ações impensadas e imorais, colocando em cheque valores éticos e a própria humanidade em jogo. Para quem gosta das reflexões político-sociais em histórias pós-apocalípticas, é um livro certeiro. É muito mais do que a série, uma extensão aprofundada dos quadrinhos. Os personagens são bem desenvolvidos e o final surpreendente cativa o leitor e o fã de The Walking Dead. Para quem, como eu, conseguiu com todas as forças sofrer junto com o povo de Woodbury e o grupo de Rick Grimes na série, com toda a convicção desejará conhecer a real história do Governador, onde nada é o que parece.

     A ascensão do Governador é um retrato da loucura do ser humano.
     Mas é apenas o início...

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