Para
quem vê a capa de “A seleção”, livro de Kiera Cass, inicialmente bate um
desânimo. Não estou reclamando da imagem em si, mas da mensagem que ela PARECE
transmitir, de que tudo não se passa de uma historinha adolescente besta que se
passa em um palácio.
DEFINITIVAMENTE não é.
America
Singer é uma adolescente envolta em uma sociedade conflituosa e dividida em
castas. Ela é uma Cinco, o que significa que tem de conviver diariamente com o
trabalho e a vida sofrida do equivalente a uma classe média baixa. A casta
Cinco é onde os artistas se encaixam, e a família dela é tradicionalmente
formada por músicos.
A
música é uma paixão que America nutre desde pequena, mas, nos últimos anos,
algo mais desperta amor em sem seu jovem coração. Este algo tem nome, Aspen, um jovem galante da casta Seis. Sendo um
Seis, é renegado a um reles serviçal, que é inserido bem cedo na família Singer
quando seus pais são requisitados para limpeza.
Assim,
Kiera desenvolve uma relação conturbada entre dois jovens de castas diferentes
usando um pano de fundo político interessantíssimo, ao mesmo tempo uma distopia
(visto que há uma volta do sistema de castas em plenos Estados Unidos, agora um
país totalmente diferente chamado Iléa) e também um realismo crítico, em que as
diferenças sociais claramente capitalistas são exageradas pela autora.
Contudo,
o casal America e Aspen é surpreendido quando a carta da seleção chega na casa dos Singer, indicando que a
menina está apta para participar do concurso. Obviamente, seus pais e irmã
ficam radiantes com a notícia. É a tão esperada chance de subirem de casta
junto com America, tornarem-se Três, e abandonarem a quase miséria que os
acompanha.
Já
America não vê muitas esperanças em sua participação. Insiste em não reconhecer
seu real potencial, e acaba desmotivada com o concurso; principalmente porque
ainda sonha com uma vida ao lado de Aspen. Mas é exatamente ele quem é seu
maior fã, tentando de tudo para fazê-la se inscrever para a Seleção.
America
acaba sedendo e, no outro dia, está no departamento para entregar sua convocação
preenchida. Junto, nutre o sonho de dar uma vida melhor para a família por
quanto tempo for necessário, depois, voltar para os braços de Aspen e
constituírem um lar.
Este
sonho desmorona quando a jovem é selecionada e pouco tempo depois está cara-a-cara
com o monarca mais assediado dos últimos tempos, o famoso Maxon Schreave,
príncipe de Iléa, a razão para toda aquela ideia de concurso. America descobre
que ele talvez possa não ser o
rabugento e esnobe homem que ela imaginara, e que seu coração ficaria
saltitando dentro do peito na indecisão de ter de escolher se continua no
concurso e garante mais um tempo de cheques volumosos da família real para sua
família ou volta para o simples jovem Aspen pela qual é apaixonada e retoma sua
humilde vida nos subúrbios de Carolina.
Como já
disse, em princípio a trama parece bem adolescente, variando entre obstáculos
para um amor impossível, com uma relação amorosa clichê e uma pitada de distopia; mas as pinceladas de ação feitas
por Kiera parecem mais verdadeiros traços impressionistas, inovando no quesito apresentação dos fatos.
O foco,
obviamente, é na mente de America e de como o ambiente em seu redor é capaz de
modificar seus pensamentos. No entanto, o contexto muda-se a todo o momento, e
subitamente a calmaria e requinte do castelo de Iléa é tomada pela rebeldia de
invasores perigosos que ameaçam as vidas das trinta e cinco selecionadas e de
toda a família real.
Diante
disso, uma história eletrizante que passeia por uma distopia conquistadora e um
amor cativante que nos leva a suspirar compõem o enredo de “A seleção”,
certamente uma bela obra de Kiera Cass e que merece os aplausos da crítica
internacional pelo conteúdo que apresenta.
Dados da obra (Skoob)
Nome: A seleção
Autor(a): Kiera Cass
ISBN: 9788565765251Ano: 2012 / Páginas: 368
Idioma: português
Editora: Seguinte
Nota:3,5/5
A autora, Kiera Cass
resenha por André Luiz
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