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sábado, 17 de maio de 2014

Lucca

         Muitas crianças já desenvolvem desde cedo uma sede insanável de cometer maldades. Muitas delas nem ao menos apresentam tal comportamento, outras porém já se demonstram frias e cruéis.
           Lucca Harinson nascera em 1928 em Milwaukee, Wisconsin. Filho de Lion e Joy Harinson. Por ser muito tímido nunca fora uma criança que se enturmava facilmente. Devido a isso criou estranhos passatempos. O seu passatempo preferido era empalhar cabeças de cachorros e espalha-las pela mata próxima de sua casa. Ele descarnava animais com um kit de substâncias de seu pai, um PhD em química.
 Em 1940, com 12 anos de idade, sua mãe faleceu após um infarto fulminante. Diante disso, ele e o pai se mudaram para Bath Touwnship, um pequeno município em Ohio.
       Lucca fora matriculado em um colégio local, no qual sofria bullying frequentemente por parte dos colegas e até mesmo professores. Chamavam-no de estranho e não lhe davam oportunidade de se aproximar para uma possível amizade. Cheio disso, o menino armara uma brincadeira para assustar os "colegas".  Ele vitimou um pequeno gato de rua e empalhou sua cabeça durante toda a madrugada, para que na manhã seguinte ele a colocasse dentro de um armário aleatório.
         O armário era de Johan Dahmer, um popular brigão do colégio, que ao abri-lo deparou-se com uma pequena cabeça de um gato pardo rolando até o chão.
        -Quem fez isso? - gritou furioso, mas não obteve respostas de nenhum aluno que presenciara o ocorrido.
            Por sorte, ninguém sabia do cruel passatempo de Lucca.
         Algumas semanas depois da brincadeira, os alunos ainda comentavam  incidente e um deles, Alec Wilson, alegava ter visto Lucca descarnando um animal no quintal de casa. Todas as suspeitas caíram assim sobre ele.
         Sem aviso prévio, Lucca fora surpreendido por um empurrão no caminho de volta para casa. Era Johan, que satisfeito com o tombo de joelhos do estranho menino, deu a volta e seguiu seu rumo. Ao tentar revidar a agressão atirando-lhe uma pedra, uma coisa inesperada aconteceu. A pedra acertou com força a nuca do garoto que logo foi ao chão já sem vida. 
          Desesperado com o que acabara de fazer, ele pegou o cadáver pelas pernas e o arrastou para um bosque ali perto. Ele ia apenas deixá-lo ali e ir embora, mas algo o fez querer ficar. Algo que dominava sua mente.
           Lucca, com a ajuda de um canivete que carregava consigo, dissecou o corpo ainda quente. Sempre teve uma grande curiosidade em ver e tocar órgãos humanos.

         No dia seguinte a manchete de um jornal local era sobre um brutal assassinato de um jovem chamado Johan Dahmer, que fora encontrado servindo de comida para alguns animais silvestres.
        Lucca, o pequeno assassino, sorria.
        Não sentia nenhuma espécie de culpa e tinha uma certeza: nunca havia sentido prazer maior. Mas o que lhe fazia sentir tanto prazer? - Indagava - com certeza a sensação de poder e de dominação.
        Lion, seu pai, acabara de perder o emprego, que era sua única forma de sustento. Resolveram então retornar à Milwaukee, onde ainda tinham uma casa para morar, já que esta que largavam era alugada, e não tinham mais como pagar.
         Com o retorno à cidade natal, o garoto ficara livre do caso. Já Lion, transtornado com a falta de dinheiro e oportunidades de emprego como professor de química, iniciou sua vida como alcoólatra.

           Quando Lucca completou 17 anos, o pai suicidou-se tomando uma mistura de vodca com remédios para dormir. Vendo-se sozinho, ele largou os estudos e viu agora uma grande oportunidade de realizar todos os seus obscuros desejos.
       Enquanto ia ao supermercado garantir o jantar, observou uma linda jovem de vestido de poá esperando pelo bonde. Uma força maior o fez se aproximar dela. Não havia ninguém ali além dos dois. Ele retirou o paletó que usava e em um rápido movimento cobriu o pequeno rosto da garota. Ela tentava gritar por socorro, mas sempre era abafada pelas grandes mãos por cima do tecido que a cegava. Era cada vez mais difícil para ela puxar fôlego. Se debatia atrozmente, mas por fim fora vencida pelo cansaço. Desmaiou.
      Lucca a carregou para casa, onde a amarrou em uma cadeira no porão e ficou esperando ela acordar ansiosamente.
       -Meu Deus... o que está acontecendo? - disse a jovem ao acordar e deparar-se com os pés e mãos amarrados.
      -Achei que você nunca fosse acordar. - disse ele aproximando-se dela - sabia que nunca estive na presença de tão formosa moça?
          -Por que você está fazendo isso comigo? - ela indagava aos prantos.
         -Por que não fazer isso com você? - respondeu-a com uma outra pergunta e levou a mão aos cachos loiros que estavam presos em um lindo rabo de cavalo. - Como é seu nome, bela?
        A garota se recusava a dizer-lhe seu nome. A má vontade que ela tinha para com ele o irritou absurdamente, que já embriagado deu-lhe uma mordida no ombro fazendo brotar uma gota de sangue. Ela urrou de dor, mas ainda se negava a dizer seu nome.
      A gota escorreu. Era de um vermelho vivo muito atraente que chamou a atenção de Lucca. Ele aproximou-se lentamente - a menina tremia com medo do que poderia lhe acontecer . Passou a áspera língua trazendo à tona uma louca vontade de tomar mais.
        -Tudo bem , eu falo meu nome - gritou por entre soluços - não faça nada comigo por favor, por favor...
         - Ora, então me diga - disse com os lábios colados em sua orelha - e diga em alto e bom som.
        -Gladys, meu nome é Gladys. - ela chorava desesperadamente - deixe-me ir por favor, eu lhe prometo que assim que você me soltar eu não vou me lembrar de mais nada.
         As tentativas de convencê-lo foram inúteis.
      -Tarde demais minha querida Gladys. 
      Depois de provar de seu delicioso mel vermelho tivera uma tenebrosa ideia. Com a ajuda de um machado de cortar lenha no inverno, abrira sua barriga, assim como fez quando criança. Porém dessa vez sentia um desejo a mais. Abaixou-se e com as mãos em formato de conchas, tomou seu sangue. O sangue quente descia por sua garganta e lhe trazia uma incrível sensação de prazer.
       Quando já se encontrava sentado na cadeira, coçando a barriga de cheiura, pegou-se admirando o cadáver.
       -Droga. Agora tenho que sumir com isso daqui... mas como?  
      Uma ideia macabra e cômica tomou conta de seus pensamentos. Para colocá-la em pratica precisaria novamente de usar o machado já sujo do golpe mortal que dera na pequena mulher.
      Cortara-a brutalmente em pequenos pedaços, reservando os ossos e cabelos. Enchera um grande caldeirão, fazendo uma espécie de sopa de Gladys e como já estava cheio, doara a sopa para carentes que por ali passavam e aceitavam de bom grado. 
         Pobres inocentes.
       Guardara seus restos de ossos e cabelo em um pote como recordação e assim faria com com suas possíveis futuras vitimas.
      
       Meses se passaram até que ele sentira novamente uma vontade que mal podia controlar. Já estava louco, mostrava-se agitado, zangado. Era visível que ele não estava bem.
      Eram aproximadamente três da tarde quando  num surto de tal loucura, Lucca, de posse de seu companheiro machado, saiu na rua lotada assustando a todos com sua agressividade fora do comum. Tentaram contê-lo, mas quando menos esperavam, o machado encontrava-se cravado na cabeça de um banqueiro local, que saíra de casa apenas para ver o desenrolar do tumulto. O sangue escorreu. 
       Inconscientemente, Lucca pulou sobre o homem já caído ao chão e começou a lambê-lo como um cachorro.
        
        A filha do banqueiro, vira tudo pela janela de casa. Numa frieza extrema, correu até a cozinha e pegou um facão, daqueles que se usa para cortar carnes em açougue. Saira de casa sem derramar uma gota de lágrima.
        Se deparou com o homem em cima do seu pai ainda vivo e agonizando.
    Lucca parou o que estava fazendo e soltou um urro de dor. A garotinha loira havia encaixado perfeitamente a faca em suas costas. Retirou-a e cravou mais algumas vezes raivosamente em torno do local da primeira facada.  Ele caira de costas no chão. Fora perdendo os sentido, ficando fraco. Sentia frio.
      A garotinha enfiou a faca em seu peito pela ultima vez  para por fim à sua agonia e virou -se ao pai:
        -Agora vai ficar tudo bem papai. Ele já foi embora. - Ela sorria. Não sentia culpa alguma.
      Enquanto todos olhavam aquela cena atônitos, ela vira que sua mão estava suja de sangue. 
      Sentiu uma vontade incontrolável de tomá-lo e sabia que, o que acabara de fazer ainda faria muitas outras vezes, pois nunca sentira tanto prazer.

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