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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Poema - Soneto imperfeito II



É difícil de ver, sim, o que esconde
no íntimo dessa abstrusa alma aflita.
Afora as paixões que sempre evita,
o seu coração nunca responde.

Quem o fez dessa forma tão oprimido?
Viver sem amar é o pior castigo...
Dê-me sua mão, caminhe, então, comigo.
Que no passado fique o que te deixou ferido.

Se com desprezo julga as minhas ações,
e quiçá pouco entende as minhas razões,
saiba que mais sofrida é a minha história.

Achar um amor é algo raro,
e não posso te dar um motivo mais claro.
Prometa ao menos guardar-me em memória.

("Lídia Duarte")

terça-feira, 26 de julho de 2016

POEMA - Tempus fugit


Tempo, tempo, tempo tempo...
come os dias, sonhos da insônia;

Tempo, tempo, tempo tempo..
devora a vida, as células, a alma;

Tempo, tempo, tempo, tempo...
se esvai rapidamente; não tem como recuperar;

Tempo, tempo, tempo tempo...

O tempo não deixa espaço para erros.
O tempo não deixa superar os medos.

Tempo, tempo, tempo, tempo...
esconder-se na escuridão ou arriscar-se no mundo?

Tempo, tempo, tempo, tempo...
sou escrava; és escravo.

Tempo, tempo, tempo, tempo...

E o tempo passa;
E a vida passa;
E as oportunidades passam;
E o desejo passa;

Tempo, tempo, tempo, tempo...

No final seremos apenas pó.
E o pó não guarda lembranças;
E o pó não vive.
O pó é somente o pó,
enquanto o tempo sempre será o tempo.


-("Lídia Duarte")

domingo, 24 de julho de 2016

Reflexão - Jamais mudaria o passado


    Às vezes me pergunto o que diria a mim mesma se pudesse me encontrar no passado. Pensei em dar algumas respostas que encontrei com o tempo, mas isso me privaria das buscas que enriqueceram meu conhecimento. Pensei em mostrar os caminhos mais fáceis para alcançar meus objetivos, mas isso me impediria de passar pelos desafios que me amadureceram e a sensação de vitória não seria a mesma. Pensei em dizer os momentos mais importantes, mas a espera por eles me deixaria ansiosa e a chance de me frustrar seria alta. Por fim, decidi. Se pudesse encontrar comigo mesma, daria-me um abraço apertado e reconfortante, afagaria meus cabelos, e antes de partir diria: "vá menina, vá brincar. Não se preocupe em crescer, isso ocorre naturalmente. Vá menina, e seja dona de sua própria vida".


("Lídia Duarte")

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Nosce te ipsum



Ei moça.
Já se olhou no espelho hoje?
Reparou que você é linda à sua maneira?
Você não precisa daquela intervenção que tanto pensa em fazer.
Seu corpo é perfeito, justamente por pertencer a você.
Entendeu o que eu disse? Você é perfeita.
Ei moça,
Abre logo um sorriso.
Quero ver seus dentes a mostra.
Quero ver sua alma exposta.
Quero ver o mundo inteiro se iluminar por você.
Seu sorriso é tão encantador...
Deveria se permitir a admirá-lo mais vezes.
Ei moça,
Para de se culpar por tudo.
Você não é responsável pelas dores do mundo.
É ele que não está preparado para a grandiosidade da sua existência.
Você sofre demais e esquece que não vale a pena.
O mundo vai continuar sendo imaturo demais,
enquanto você cresce, floresce, amadurece.
Semeie-se pelos caminhos que for passar e
Não tenha medo de viver intensamente,
Afinal, a vida pertence somente a você e a mais ninguém!
Recicle os julgamentos
E use somente aqueles que vão te enobrecer;
De degradante já basta o tempo que te roubam.
Ei moça,
Não dá para carregar tudo sozinha...
Aprenda com os erros e siga em frente!
Desapegue-se do que te faz mal.
Você não é feita para guardar tanta mágoa...
Seu fim último é ser você, viver para você, sonhar para você.
Ei moça,
Há tanto sonhos dentro de você.
Não perca tempo e realize os que puder.
Traga paz ao seu coração
Encha sua alma com energias positivas
Liberte-se!
Ei moça,
Ame-se antes de tudo.
Porque o amor mais verdadeiro que vai receber se encontra dentro de você
E saiba que a única coisa que te completa é você mesma.
Paixões vêm e vão, mas você fica; tem alma de guerreira.
Caia, mas sempre lembre-se de levantar e como fazê-lo.
Inunde-se de si!
Ei moça,
Já se olhou no espelho hoje?


- Lídia Duarte

terça-feira, 19 de julho de 2016

E uma nova fase se inicia...

     Por três anos, assinei todos os textos que escrevia com um pseudônimo. Tinha medo dos julgamentos, dos risos, das más interpretações, das críticas... Com o tempo, Jéssica Stewart deixou de ser apenas um nome e se tornou um heterônimo; tornou-se uma outra parte de mim, mais séria, mais introspectiva, mais preocupada com os problemas da sociedade, militante das lutas das minorias. Foi uma experiência única sobre autoconhecimento que me permitiu amadurecer com senso crítico a respeito de questões sociais e pessoais. 
     Mudei muito nesse tempo e continuo mudando; se foi para melhor ou não, é uma autoavaliação; cabe somente a mim. Serei eternamente grata a ela por isso, mas sinto que é hora de sair da zona de conforto que me foi proporcionada. Quero sofrer as consequências de ter meu nome assinando os meus textos, sejam elas boas ou não. Quero assumir a responsabilidade por meus textos e quero dar voz a eles. Agradeço a todos que me apoiaram nessa mudança. Meus textos antigos continuarão assinados do jeito que estão porque não quero desfazer de parte da minha trajetória.
      Jéss, essa não é uma despedida, é só um até logo. Muito obrigada por ter me ensinado a me valorizar e não ter medo de ser quem eu sou. Agora eu preciso aprender a caminhar sozinha.

("Lídia Duarte")




terça-feira, 12 de julho de 2016

Crônica - Felicidade programada


    Seria ela feliz? Mesmo após todos os erros que levaram-na percorrer sonhos imperfeitos, alheios, distantes dos quais havia sempre sonhado para si quando ainda era menina e mal sofrera as dores do mundo que a transformaram nessa mulher de hoje.
     Seria ela feliz? Mesmo depois dos encontros e desencontros que ocorreram sem que ela tivesse controle. Mesmo depois de todos os rancores, que um dia tratavam-se  de amores -será?; tantas palavras que suprimiu, tantos sentimentos que reprimiu, tantos gestos arrependidos, tantas despedidas mal ditas – malditas despedidas. E a memória do que foi só não é pior do que as lembranças dos planos que poderiam ter acontecido.
     Seria ela feliz? Mesmo ao sorrir para esconder o choro depois de receber um daqueles golpes da vida que acertam bem na boca do estômago e deixam uma dor latente que nem sempre deixam de existir. Ah... Seu coração pulsava sôfrego pois.
    Seria ela capaz de conseguir decidir sozinha um caminho melhor para a própria vida do que aqueles tantos outros que começaram a ser traçados bem antes que ela nascesse.
Seria ela feliz? Aguardemos os próximos capítulos.
                                                      

(" Lídia Duarte")