Abraham Markus, o curioso frade franciscano e que entrara na paróquia a
cerca de cinco anos, mantinha sempre uma expressão misteriosa no rosto. Era um
paradoxo: Adorava despir-se das batinas e usar roupas comuns, principalmente
seus alegres tênis de corrida com um shorts de caminhada à altura do joelho.
Enquanto isso mantinha uma vida sombria e aparentemente em total imersão na
religião. Sendo assim, fizera poucas amizades na cidade, e aproveitava seu
passeio matinal para saudá-los e tomar o café com eles.
Ligou para Hanz, que provavelmente o aguardava ainda para o desjejum
matinal, e desculpou-se pelo atraso que cometia naquele dia.
-Não, padre, não demorarei. – A impressão era de que todos da paróquia
se autoproclamavam padres. Apesar de alguns deles serem superiores dos outros.
-Certifique-se de que estará aqui às onze da manhã para começarmos os
preparativos para a missa dominical. – Cônego Blaun parecia conversar com
alguém do outro lado da linha. Abraham aportou em frente a uma porta singela e
velha, parou, e prestou atenção à conversa.
Apesar disso, não pode ouvir muito do que se dizia, apenas reconhecer
uma segunda voz masculina. Seria mais um dos padres?