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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Resenha - Um amor, um café e Nova York (Augusto Alvarenga)

Procura-se um Guilherme

(Só eu que me apaixonei por essa capa? :3)


     Quando comecei a leitura, sabia quase nada da obra; nas primeiras folhas, me deparei com um romance infanto-juvenil, uma mistura de Paula Pimenta e Talita Rebouças (principalmente na despedida da Camila no aeroporto que me lembrou um pouco da despedida da Fani em Fazendo o meu filme), e eu não sou mais a leitora ideal para livros assim. Logo, fiquei um pouco relutante. Todavia, o livro acabou me ganhando aos poucos. É interessante quando você tem a mesma idade da personagem principal e se vê um pouco nela; seja por meio das músicas que abriam cada capítulo ou pelo interesse em Nova York. No fim, a megera que escreve à você, foi domada pelas palavras de Augusto Alvarenga.

sábado, 28 de novembro de 2015

Conto - Anjinho

  
      A moça de jaleco branco verificou meus sinais vitais, ajustou o fluxo do soro fisiológico e se retirou do quarto da mesma forma em que entrou: em silêncio. Parecia-me que ela não me tratava mais como uma paciente do velho asilo. Eu era um peso morto, uma quase defunta.
     Fechei os olhos na esperança de conseguir dormir, no entanto acabei me perdendo em devaneios. Passei 30 anos da minha vida trancada neste lugar. Minha família me visitou até o sétimo. Não sei o que aconteceu com eles, afinal, nunca mais tive notícias. Triste fim este, não? Fui abandonada pelos meus próprios filhos. 
     Senti a ponta da minha cama afundando e abri os olhos de súbito. Um menino, em torno de seis anos, estava sentado balançando seus pézinhos que não encostavam no chão; seus olhinhos brilharam ao ver que eu o estava encarando. 
     -   A vovó já está acordada? - Perguntou docemente.
   - Quem é você, meu bem? Qual é o nome do seu papai? E da sua mamãe? - Enchi-me de esperanças. Um dos meus filhos veio para se despedir de mim e trouxe meu neto!
     O menininho me olhou como se não tivesse entendido a pergunta. De repente, ficou de pé, andou até meu travesseiro e se sentou. Em seguida, começou a brincar com meus cabelos alvos. 
     - Vovó? Por que é que tem uma nuvem na sua cabeça? Eu tenho cabelos, ó. - Disse abaixando a cabecinha para que eu pudesse vê-la. 
     - Ora, é porque estou indo morar no céu.
     O menino abriu a boca de tanta surpresa. A alegria era nítida no brilho dos seus olhos. 
    - Quer dizer então que a senhora vem morar comigo? - Perguntou por fim.
     Naquele momento entendi o que se passava. O jovenzinho que conversava comigo não era apenas uma criança qualquer, era um anjo.

("Jéssica Stewart")

domingo, 22 de novembro de 2015

Poema - Mais uma canção de amor


Fiz uma canção para você.

A letra foi bem pensada,
inúmeras ideias articuladas,
na esperança de que você pudesse me entender,
talvez até me querer...

E me quis!
Mas foi por um tempo tão curto,
tão fulgaz,
tão insignificante,
que passou como um relâmpago,
um flash que, por alguns segundos, ilumina a escuridão
e logo se esvai.

(Será mesmo que me quis?)

A melodia intercala nossos altos e baixos,
afinal, quando se ama nunca há uma linearidade,
tão pouco a serenidade,
que você tentou encontrar.

Mas você me abandonou bem no meio do refrão.
Não quis escutar a nossa canção.
E eu inocente preferi acreditar
que você talvez pudesse voltar
se a nossa música não parasse de tocar.

Mas você nunca voltou.

("Jéssica Stewart")

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Tela azul da morte - Autodestruição



“Eu proponho... que nós façamos um robô capaz... de amar.”
William Hurt, A.I.

A luz vermelha não parava de piscar. Os olhos de Borges estavam congelados no minúsculo botão a sua frente. Conferiu em seus arquivos digitais: no mapa virtual 3D não estava modelado aquele ativador de corrente elétrica. Guardou uma das chaves de mão no cinto de trabalho e despiu-se do capuz negro que encobria sua cabeça calva e enrugada.
Acionando um de seus drones de pesquisa controlados por microchips neuroimplantados, Borges conseguiu acessar o sistema central da Companhia Municipal de Esgotos e Tratamento de Dejetos da megalópole paulistana, a Cometrad – SP. Segundo leituras iniciais, havia uma invasão de vírus na rede de controle da distribuição de fluidos, algo que estava gerando uma pressão ascendente na Portaria 2 – NORTE.
Era exatamente a informação que apontava no painel luminoso. O técnico de sistemas digitais abriu seu rastreador e conferiu as imagens captadas pela câmera frontal do drone, avançando na tubulação enferrujada.
Argh! — Borges engoliu em seco. Sentiu sua garganta envolvida de pus, como se cacos de vidro encravados na glote o fizessem grasnar. Pigarreou tal qual um velho costumava fazer.
Subitamente, a imagem na tela tremulou e se apagou. A conexão com os drones foi perdida e deixou-o surpreso frente à inusitada situação.

sábado, 12 de setembro de 2015

RESENHA - O xangô de Baker Street(Jô Soares)

Jô Soares é um jornalista respeitado e bastante polêmico. Mas é com certeza um ícone da literatura brasileira, e faz questão de imprimir sua marca nos textos que produz. Em “O Xangô de Baker Street”, mantém sua irreverência e espontaneidade, brincando com a história e a ficção de tal forma que o leitor mais atento acaba apaixonando-se pelo contexto em que Jô nos insere.

A trama se passa num Brasil imperial tentando mostrar-se modernizado, com suas vielas enormes e sua característica cosmopolita. Porém, mesmo com Dom Pedro e suas incontáveis tentativas de ressaltar os valores da terra americana, os barris de excremento carregados pelos negros africanos e as centenas de cuspideiras espalhadas pela orla não são tão agradáveis aos estrangeiros desacostumados ao fervor do Brasil.

Sarah Bernhardt é uma atriz de renome vinda da França para uma temporada de apresentações nos teatros cariocas, e causa rebuliço no povo quando passa pela avenida em seu carro aberto, ostentando fama.

Contudo, a arte que Pedro tanto buscava trazer para seu império encontra-se ameaçada pelo sumiço de Canto do Cisne, um violino Stradivarius pertencente à elite imperial e segredada a D. Pedro. Uma peça rara que encontra-se em mãos erradas.

Através desta problemática, Pedro não vê outra alternativa a não ser convocar as autoridades policiais e reportar o furto do objeto. Mas o delegado Mello Pimenta encontra dificuldades, visto que, em tese, o violino não era para existir — e o imperador sabia disso.

Ao mesmo tempo, alguém encontra uma vítima indefesa perambulando pelas ruelas da capital e resolve aproveitar-se da situação. Rasga sua garganta e deleita-se com o sangue que escorre até o chão. Sentir o cheiro da morte lhe traz sensação de dever cumprido. Um dever de louco que busca manter a todo custo. Como presente, arranca dela a orelha. Um par de recordações. Uma conta em um colar macabro. E uma corda do Stradivarius atravessada nas intimidades.

O mistério mostra-se indecifrável até mesmo para o experiente Mello Pimenta. Pedro resolve convocar, por sugestão de Sarah, o famoso detetive londrino Sherlock Holmes, que traz de companhia seu fiel escudeiro Watson. Juntos, os dois atendem ao pedido e enfrentam a viagem ao Brasil, cheios de curiosidade quanto à nova terra.

“PARA O VIAJANTE que vinha pelo mar, era um deslumbramento a vista da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Todo o litoral, adornado por uma vegetação exuberante, cobria-se de coqueiros, sapucaias, muricis e árvores jamais sonhadas por mentes europeias. Assim que o navio cruzava a barra e entrava na baía da Guanabara, entre a ilha do Governador e o Pão de Açúcar, o navegante começava a ver os bairros de Botafogo, Catete e Glória, que já mostravam algumas construções de porte. As águas ficavam coalhadas de pequenas embarcações que iam acolher os vapores, com seus marinheiros lançando gritos de boas-vindas. Entre os morros do Castelo e de São Bento, percebiam-se, ao fundo, os telhados do centro da cidade, porém o que mais chamava a atenção de quem chegava era a alvura das areias das praias.”

Assim, Jô Soares inicia uma narrativa curta da investigação sobre o paradeiro do violino e do assassino em série, não medindo esforços para prender seu leitor no mistério. Por vezes, acho que me encontro sentado ao lado de algum dos personagens, como espectador, acompanhando o desenrolar dos fatos.

O curioso do livro é que são apresentados personagens históricos e figuras ilustres de nossa terra, como D. Pedro, Olavo Bilac, Chiquinha Gonzaga, Paula Ney, Aluísio Azevedo e até mesmo as figuras de Holmes e Watson, que sempre viveram apenas no mundo da ficção. Cada um deles tem seus trejeitos, suas características bem marcantes, e certo tom caricato que acredito ser uma das marcas narrativas de Jô Soares. Juntos, os personagens dão o ar da graça ao livro e deixam-no muito mais descontraído.

Holmes é um caso a parte na trama. O detetive inglês desmonta sua elegância e pomposidade nas terras tropicais e faz questão de enturmar-se com o clima, a gente e os costumes daqui. Assim, entre feijoadas, acarajés e muita caipirinha, o inglês esbalda-se a dançar com as belíssimas mulatas e diverte-se com a excentricidade do povo brasileiro. Jô brinca com o consagrado personagem de Sir. Doyle, trazendo-o para uma perspectiva mais próxima da realidade e deixando-o mais humano. De fato, o personagem mais sombrio, misterioso e incoercível da literatura inglesa, mostra-se capaz, por exemplo, de padecer na diarreia, viciar-se na cannabis sativa e ainda arranjar tempo para apaixonar-se por uma mulata.


O público costuma condenar este livro exatamente por isso, porém entendo que o segredo é tentar imaginar que tudo aquilo deixou Holmes mais humano. Deixou-o palpável, como se tivesse realmente existido. Esta é a singularidade da narrativa de Jô Soares, com seus textos leves e que abrangem um público-alvo considerável, desde os jovens até mesmo os idosos. Afinal, é uma aventura policial histórica, mas com toda a irreverência e modernidade da literatura dos dias de hoje. 

André Luiz

***

DADOS  OBRA(SEGUNDO O SKOOB)


ISBN-10: 8571644829
Ano: 1995 / Páginas: 349
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras

NOTA: 3,5/5

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

POESIA - Soneto imperfeito

Não vivemos em um mundo perfeito.
Não me trate como um dos seus brinquedos.
Deixe-me crescer por meio dos meus feitos.
Não quero fôrmas para meus anseios.

A vida que impõe deixa-me angustiada.
Jamais empunhe, à quem te ama, uma espada.
Se você estima tanto quanto diz,
porque insiste em me deixar infeliz?

Ao passo que busco uma alternativa,
uma rota qualquer que me leve à saída,
sofro ao pensar que serei sua inimiga.

Ambos sabemos que meu esforço é em vão
e o quão isso faz mal ao meu coração,
mas prefiro liberdade à sua prisão.

("Jéssica Stewart")

domingo, 6 de setembro de 2015

Resenha - Ninguém (Karen Alvares)

   Resolvi desta vez resenhar um conto, e sair dos autores internacionais por um tempo. A resenha de hoje é sobre o conto “Ninguém”, de Karen Alvares.

   Com uma narrativa densa e com bastante emoção empregada, a autora nos transporta para uma cena do que parece ser um afogamento. Ou melhor, um assassinato.

“Quando penso que finalmente, milagrosamente, vou morrer, ele puxa meus cabelos, sinto o cheiro de látex em suas mãos enluvadas, e então me devolve o ar, apenas para roubá-lo novamente, segundos mais tarde”

   O início do conto é eletrizante, e já ficamos curiosos por esta primeira passagem. Como este homem foi parar nas mãos daquele... hm... doutor? Sabemos que é um homem misterioso que segue nosso protagonista, mas se nem ele conhece sua face, quanto menos nós...

   O jovem que aventura-se profundamente no oceano de informações no qual estamos boiando — a internet -, pode acabar se afogando. Principalmente se encontrar um tubarão faminto e sentindo o sangue pulsando em suas veias. E, como nossos avós costumavam dizer, quem procura acha. E o protagonista sem nome –—cá entre nós, poderia ser qualquer um conectado à rede mundial de computadores ­— acaba encontrando seu tubarão. O cirurgião.

    A narrativa é leve e bastante impactante. As palavras têm zelo em sua escolha; não estão jogadas ao acaso, possuem um propósito claro. Aterrorizar. A autora preocupa-se com seu  leitor, e não poupa esforços para aumentar o clima de suspense. As luvas de látex, a história cheia de ganchos do passado e o protagonista implorando por clemência são perfeitos para o enredo. Perfeitos para quem gosta de uma boa dose de adrenalina na veia.

   Karen desenvolve mais que um conto. Uma alegoria de nossas vidas monótonas iluminadas de azul. Estamos imersos neste mar de tecnologia, afundando lentamente sem que nos demos conta disso. E “Ninguém” vem para nos mostrar que não somos nada. Não passamos de formigas tentando boiar. Basta alguém para nos desequilibrar. E manchar tudo de vermelho.

                                                                                                                                              André Luiz

DADOS DA OBRA

Nome: Ninguém
Categoria: Conto
Gênero:  Terror

O material, atualmente, (setembro/2015) encontra-se disponível gratuitamente na Amazon. Baixe-o em seu Kindle! Aproveite e compre outros trabalhos de Karen Alvares, a dama do terror nacional.


***
A AUTORA


"Karen Alvares conta histórias para o papel há tanto tempo que nem lembra quando começou. Autora de Inverso (Draco, 2015), Alameda dos Pesadelos(Cata-vento, 2014) e Dois Lados, Duas Vidas (Cata-vento, 2015), também organizou a antologia Piratas (Cata-vento, 2015) e foi publicada em várias antologias de contos da Editora Andross, Draco e Buriti, além de publicações independentes e revistas. É colunista no blog literário Por Essas Páginas e foi premiada em diversos concursos nacionais. Apaixonada por mundos fantásticos, chocolate e gatinhos, vive em Santos/SP com o marido e cria histórias enquanto pedala sua bicicleta pela cidade."


(Disponível em:https://papelepalavras.wordpress.com/sobremim/)

Será que vem novidades por aí?




sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Esperança

Fico às vezes pensando onde iremos parar.
Sou uma tola inútil,
mais uma onda em seu mar?

Prendo-me em seus olhos,
congelo em seus abraços,
escuto seu nome e abro um sorriso
mesmo que entre nós haja um grande espaço.

Vivo te esperando,
mas você nunca vem.
Ofereço meu coração
e só aceita quando lhe convém.

E você sempre responde,
ora indiferente,
ora como se me quisesse tanto quanto eu te quero.
Assim, sigo persistente.

Às vezes até me sinto contente,
mas a esperança dói e você não vê
toda chaga,
todo martírio,
todo tempo dedicado,
todo amor cativado.

A dúvida apenas fortalece o desejo de me libertar.
É tão fácil e viciante
viver só por amar.

Que seja em segredo,
esquecerei todos os meus medos.
Só preciso estar ao seu lado
e ter, por você, meu coração amado.

Afogo-me na esperança.
Sufoco-me de desejo.
Apenas dê-me um beijo,
e faça meu sofrimento cessar.

("Jéssica Stewart")

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Resenha - Fahrenheit 451



"Enquanto os livros se consumiam em redemoinhos de fagulhas e se dissolviam no vento escurecido pela fuligem. Montag abriu o sorriso feroz de todos os homens chamuscados e repelidos pelas chamas."
Fahrenheit 451 é uma obra completa, recheada de tecnologias que assustam em sua primazia. Estão imersas em nosso meio, recheadas em nossas mentes, e principalmente um cenário para o qual caminhamos ultimamente.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Dois pedaços de um coração despedaçado

Eram apenas dois meios-corações incompreendidos. 

Ela era uma jovem poetiza . Ele, um músico em ascensão. Ambos viam o mundo com todas as suas tonalidades exuberantes diariamente ignoradas pelas pessoas cujo coração já não mais pulsava vida; pareciam compartilhar a mesma paleta de cores.

Quando, de repente, o mundo se vestia de tons sépios, ela colocava os fones de ouvido para se esconder, ele usava seu violão para pintar tudo o que estivesse vulnerável ao som dos seus acordes. Ela tinha medo das próprias limitações e dos erros que cometia, por isso criou um mundo para se refugiar; ele, cansado de tanto cair, aprendeu a lutar contra o que o subjulgava. E assim sobreviviam. 

domingo, 23 de agosto de 2015

Resenha - À Espera de um Milagre

Corredor da Morte de Stephen King

Título original: The Green Mile
Versão brasileira: À espera de um milagre (conhecido também como O corredor da morte)
Gênero: Literatura Americana - Romance
Autor: Stephen King, 1996

Para ler esse livro, você precisa ter duas coisas em mente:
1º - Esse não é o típico terror de King que você estava esperando (ao menos que já tenha assistido ao filme, o que acaba com a graça de ler uma boa história).
2º - Essa obra, caro leitor, não é um livro. 
Quando comecei a lê-lo, deparei-me com um grande apreciador da obras de King. No meio da conversa, expôs a seguinte opinião "É bom, apesar de ser meio água com açucar";  e isso atiçou minha curiosidade, afinal, sempre o referiram como um grande escritor de suspense e terror. Dito e feito. Se você espera aquele terror clássico de King, não o aconselho ler essa obra. Há um pouco de horror em algumas execuções na Velha Fagulha (nome dado carinhosamente à cadeira elétrica do Bloco E em uma penitenciária em Could Mountain) e um pouco de misticismo, característica marcante do autor. 
A história não segue uma sequência cronológica, assim, há momentos em que  se passa no Corredor da Morte, e em outro no asilo Georgia Pines, ambos narrados por Paul Edgecombe, superintendente do bloco responsavél pelas execuções. De todos os quatro prisioneiros apresentados, apenas um, que é louco o  suficiente para se denominar Billy The Kid, possui um psicológico instigante - talvez, se a narrativa fosse presa à ele, teríamos mais momentos de horror -.  O foco é o último detento a caminhar pelo Corredor, John Coffey, um negro condenado no sul extremamente racista dos Estados Unidos, cuja história leva Paul e seus colegas de trabalho a uma busca pela verdade por trás de sua condenação. Seria John, com seu tamanho tão grande quanto seu medo do escuro, o responsável por estuprar e assassinar duas menininhas?
A narrativa busca um lado mais psicológico e intimista dos personagens. É muito fácil se ver envolvido com seus dramas e sentimentos - não duvido que alguns possam chorar em certas partes -, no entanto, talvez pelo fato do narrador já possuir uma idade avançada, no final do livro, ao fechar as histórias dos personagens, preocupa-se mais com a questão visual de cenas trágicas do que com as sensações - isso quando não dá na cabeça do autor simplesmente colocar a causa da morte e a data - . 
É interessante o caráter metalinguístico da obra; no asilo, deixa-se bem claro que Paul está escrevendo a história do Corredor da Morte. King é transferido para o personagem que faz análises, pensamentos e complementa a história de maneira informal. Há um choque de gerações, um encontro entre Pauls.
Sugiro que comece a ler a partir da Introdução e siga para o Prefácio, pois essas partes são cruciais para o seu entendimento, assim, compreenderá o que eu disse no início: Essa obra não é um livro porque simplesmente não foi feita neste formato. Inspirado nos romances de Charles Dickens, King escreveu a história em seis partes diferentes que eram lançadas semanalmente (José de Alencar e Machado de Assis já fizeram muito  disso por aqui com o nome de Folhetim), dessa forma, no início de cada parte tem-se a recapitulação do que aconteceu na outra - o que pode parecer uma edição mal feita para os desavisados e causar estranhamento para os que vão ler de forma compilada -. No Posfácio há uma outra avaliação da obra em que o autor reconhece diversos anacronismos e falhas e as justifica pelo pouco tempo que teve de escrever e corrigir, uma vez que esse formato condiciona os envolvidos em uma corrida contra o tempo. Desculpas aceitas, Stephen! 
Como o próprio autor afirmou, é uma boa história para ler a noite, sozinho ou acompanhado, por ser bem leve e fluir com facilidade. Não desanime por não ser o clássico terror, se até o King experimentou um novo estilo, você também pode. Vale a pena correr o risco.

"Cada um de nós tem compromisso com a morte, não há exceções, sei disso, mas às vezes, oh meu Deus, o Corredor da Morte é muito comprido."



sábado, 22 de agosto de 2015

Lançamento - O vampiro imperador - Leonardo Barros

Olá, caros leitores! Nosso autor parceiro, ao qual já resenhamos aqui no blog(veja em Presságio, o Assassinato da freira nua) está com um novo lançamento. É uma ótima oportunidade para conhecer o trabalho de Leonardo Barros e sua incrível capacidade de prender o leitor da primeira à última página.
O médico e escritor Leonardo Barros anunciou o seu sexto romance, que teve seu lançamento oficial previsto para 04 de agosto. Livraria Saraiva já está divulgando o livro no site. Clique no link ( http://www.saraiva.com.br/o-vampiro-imperador-8950180.html )! 


Confira a sinopse: 

Drucila é uma linda jovem romana, casada com o médico do imperador Nero. Diante da ausência do filho, ela entrega-se a um culto proibido de fertilidade, ato que inicia sua ruína e tem relação com sua transformação em vampira. Ciente de seu poder, ela resolve dominar Roma e não mede esforços para consegui-lo. As intenções de Drucila só poderiam ser ameaçadas por Dotan, um ser imortal como ela. Em noites de lua cheia, esse general de confiança de Nero prende a si mesmo a fim de evitar que o lobisomem, criatura que se tornou há milhares de anos, domine-o. No entanto, quando Dotan se vê diante de uma Roma guiada por energias maléficas, ele engendra sua força para tentar salvar o povo da perseguição e da tirania. O derramamento de sangue se torna um pesadelo constante. A cidade caminha, a passos rápidos, para um longo período de escuridão. Traições, jogos de poder e lutas épicas enredam essa engenhosa aventura que põe em conflito a busca pelo bem e o desejo, às vezes incontrolável, pelo poder e pela luxúria.” 

O Vampiro Imperador é um suspense fantástico ambientado na Roma do ano 65 d.C. O romance tem 400 páginas e combina a narrativa thriller que consagrou o autor com personagens fantásticos como vampiros e lobisomens. Seu público alvo é o adulto jovem, leitores que apreciam suspense, terror e romances históricos com muita ação. O texto é muito visual, e o leitor é capaz de conceber os acontecimentos como cenas de filmes e games do gênero. O cuidado com a trama é um diferencial do autor que se emprenha em surpreender os leitores mais exigentes. 

Leonardo Barros sempre gostou de livros e filmes de suspense e terror. Confessa que respeita quem gosta, mas que não simpatiza muito com a versão romântica que alguns escritores têm criado para vampiros e lobisomens. O Vampiro Imperador resgata o bebedor de sangue tradicional, amaldiçoado, ambicioso e sanguinário, mas acrescenta um elemento novo ao criar seu próprio universo fantástico. A primeira vampira de uma casta bebe o sangue do Diabo, representado na história pela figura de Plutão, o deus do Tártaro (uma espécie de inferno romano), e os lobisomens foram criados por Deus, com o intuito de destruir os bebedores de sangue.  

O autor descreve seu processo criativo como uma combinação de planejamento, inspiração e disciplina. “Não conseguiria escrever de outra forma: aproveito os momentos de grande inspiração e me tranco para criar os resumos do livro e de seus personagens. Nos dias seguintes, estudo o que escrevi e acrescento novos detalhes, mudo um cenário, uma característica de um personagem ou acrescento um novo final. O resto do processo se resume à disciplina. Sentar, escrever, revisar, editar... 

Leonardo é escritor contratado do Grupo Novo Século e lança o novo título pelo selo principal da editora. É autor de livros de suspense como o celebrado Presságio – O assassinato da Freira Nua (um sucesso da crítica na blogosfera) e O Maníaco do Circo (que recorrentemente figura entre os e-books mais vendidos do gênero na Amazon).

Corra lá e compre seu livro de Leonardo Barros!

domingo, 2 de agosto de 2015

Crônica - La solitudine

Estava na fila do banco. As mãos abarrotadas de contas a ser pagas; a bolsa seguramente presa nos braços; a mente vagueando em algum universo paralelo, longínquo daquela realidade monótona.
     Tirando-a dos devaneios, aparece um antigo conhecido: "Ola! Como vai?", pergunta à ela.
      Começou a pensar na solidão que vinha sentindo. Convivia com muitos, sorria, conversava, mas nunca se completava. Pensou no quanto sentia falta de abraços amigos, de rir até passar mal, ver aquele filme gostoso... Recordou-se das noites frias em que um cobertor não servia para esquentar seu coração, principalmente daquela em que o peso do mundo a estava sufocando tanto que sucumbiu a ideia do suicídio; odiava seus pais por tê-la salvo.
     Contudo, em momento algum ponderou sobre o que faria a seguir. Ninguém precisava saber; Para quê incomodar inocentes com seus dramas? Não se preocupariam de qualquer forma.
     Encobriu tudo com maestria, digna de um oscar. Apertou os olhos e abriu a boca em um sorriso largo: "Bem", respondeu.
Jéssica Stewart

Resenha - O pântano das Borboletas (Federico Axat)

“Quando chegamos ao pântano das borboletas, descobrimos o que eu havia previsto: ele estava completamente inundado por causa das chuvas recentes. Poucas vezes o tínhamos visto naquele estado. Apenas umas poucas ilhas afloravam , como lombos de hipopótamos meio submersos; a cascata brotava da crista do penhasco em todo o seu esplendor. As samambaias, muitas das quais davam a impressão de flutuar, brilhavam com um verde que chegava a parecer artificial. E, é claro, lá estavam as borboletas, dezenas delas, esvoaçando em torno dos raios de sol que se filtravam de alto a baixo. Eu nunca tinha visto tantas. A maioria delas eram monarcas, mas também havia outras espécies. Ficamos ali sem poder acreditar em nossos olhos.”

O jovem escritor argentino Federico Axat consegue, em poucas páginas, transportar-nos diretamente para a infância; uma mescla de nostalgia e bucolismo que faz com que sintamos as aflições do florescer da idade junto a Sam Jackson, o protagonista e narrador da história, e seu dueto emocionante de amigos, Miranda Matheson e Billy Pompeo.


Um trio carismático, certamente.
Em uma efusão de sentimentos pela qual nos aventuramos na história, Axat aos poucos revela os mistérios que rondam Carnival Falls e todo um contexto da morte da mãe de Sam; um acidente misterioso e mal resolvido. Assim, Sam tem de conviver com a perda da mãe ainda pequeno e a saudade carregada nas recordações, principalmente em uma correntinha que guarda com afinco desde os tempos do acidente.
A trama é bela e tênue quando trata das relações sociais, principalmente na questão da mudança brusca de infância para adolescência, que o trio de protagonistas vivencia ao longo do livro. Axat traz ao mesmo tempo a dúvida e a incerteza da fase da puberdade mesclada suavemente com a aventura e a curiosidade da infância; não deixando de ressaltar os sentimentos que permeiam a vida neste período.
Assim, Sam, Billy e Miranda tornam-se personagens admirados pelos leitores. Cada qual com sua característica mais marcante foi construído pensando em nosso coração leitor. Tomamos apego por alguns. Ódio por outros. Emocionamo-nos à flor da pele.
Claro que o suspense fica para o final. O mistério sobre a morte da mãe de Sam é desvendado, bem como sua relação com uma série de eventos que permeiam a vida das crianças. No meio disto, encontram tempo para se aproximar mais, nutrir aos vários pontos durante o decorrer da história que, juntos, compõem toda essa solução e, antes de tudo, faz com que o leitor termine o livro tão perplexo com uma revelação bombástica ao final que se torna indecisa a reação: Não sei se senti ódio ou contemplação. Apenas agradeço ao autor pela bela obra. 


Dados da obra (Skoob)

ISBN-13: 9788584190140
ISBN-10: 8584190147
Ano: 2014 / Páginas: 416
Idioma: português
Editora: Tordesilhas

Nota:4,5/5
                                                                               resenha por André Luiz 

quinta-feira, 12 de março de 2015

CONTO - Estrelas mortas



Tudo começou tão rápido... Quando viu, já estava cara-a-cara com aquele céu crepuscular, aguardando ansiosamente pela chegada da noite estrelada. Fitava o infinito, encantado com todos aqueles pontinhos espalhados pelo manto negro como lantejoulas em um vestido de festa. Enquanto ele encarava o céu, percebia que este o encarava de volta, imponente e desafiador.         

quinta-feira, 5 de março de 2015

Poema - Por você




É um sacrifício estar contigo.

Não por te odiar,

não por não te amar.

Sufoco-me, de tanto sentir.

Sinto, por tanto querer.

Quero, por tanto te ver.

Ver-te assim, sorrindo, me dói.

Dói a alma,

o peito,

onde bate esse coração

cansado de tanto sofrer,

cansado de tanto chamar por você,

E você?

Onde estava?

Por que recusa em responder?

Tenho medo de mim,

Tenho medo do fim.

Assim, quase não consigo suportar,

quase não consigo mais amar,

quase não consigo mais crescer,

em mente

busco outro sentido,

outras escolha,

outra sina,

o meu destino.

Mas você continua aí.

Parece até que espera por mim.

O que quer afinal?

Não pulo de cabeça em meros desafios,

que começam logo perdidos.

Sei quando vou perder.

E na madrugada minha mente martela,

o seu nome,

o seu perfume,

o seu toque...

Não aguento mais

te ver,

te querer,

sofrer

por você.






("Jéssica Stewart")