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domingo, 13 de novembro de 2016

Crônica - Esqueça, eu não vou voltar.



Você achou mesmo que estava certo, não é? Achou que após todas as palavras de ódio proferidas, todas as lágrimas derramadas, todas as chagas que você causou, eu voltaria para você em dois ou três dias?
Achou mesmo que podia sair dizendo a todos os seus colegas que eu tinha perdido a cabeça por jogar aquela porcelana importada na parede, quando na verdade eu queria é ter acertado seu lindo rostinho? Achou mesmo que colocar minhas amizades contra mim fosse me impedir de ir embora? Esqueceu de dizer a eles que eu levava somente algumas peças de roupa e os hematomas do relacionamento doentio que tivemos.
"Agressão física? Deus me livre!" - costumava a dizer. Colocava-me contra a parede quando eu "fazia algo errado", insultava-me com nomes xulos, sentia prazer em exaltar meus defeitos físicos, o meu peso... " burra", "idiota", " sonsa"... Sim, você está livre das acusações de agressão física, mas minha autoestima foi pro saco, minha percepção de mundo foi alterada, meu emocional é um lixo.
Você sempre deixou bem claro que eu precisava de você, que eu não sei viver sozinha, que eu não vou encontrar alguém que seja tão bom para mim quanto você é. Mas deixa eu te contar uma coisa: desde que eu parti, aprendi a ser dona de mim, a respirar sozinha; não preciso de alguém para "cuidar" de mim, ou melhor, para me controlar -que é o que você fazia-. Só preciso de mim mesma, e essa independência tem sido uma das melhores experiências da minha vida.
Louca, depressiva, neurótica, emotiva. Você me tornou assim. Ainda acha que eu quero voltar?
Já se passou um ano, e eu ainda estou me desintoxicando de você. Não, eu não pretendo voltar, mas se você insiste em esperar o meu retorno, sugiro que faça isso sentado; dizem que ficar em pé por tempo demais causa varizes.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Poema - Círculo Vicioso


Espero que não se importe, Mas eu andei procurando a sorte Em vez de me prender a você.
Imagino que esteja cansado, Eu sei, sou um fardo, Que você não quis carregar.
Você tem um amor ralo E eu sou profunda demais para esse seu jeito amargo.
Mas, no final, você estava certo - como sempre.
Se eu não me quero, Por que você me quereria? Se eu não me gosto, Por que de mim você gostaria?
AiAi.
O triste é que eu fui procurar a sorte E acabei voltando pra você.
-Ding-dong. - Fuja enquanto puder.
("Lídia Duarte")

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Poema - Mal Contemporâneo


O tempo não passa.
Pernas balançando. Beiço mordido. Unhas roídas. Pele vermelha. Suor excessivo. Dor no pescoço. Dor de cabeça. Dor no estômago - vômito. Cabelos caindo. Mãos inquietas. Pensamentos rápidos, flashs. Sangue correndo. Batimentos cardíacos acelerados. Pupilas dilatadas. Excesso de sono, É impossível dormir. Vontade de chorar.
Ansiedade sufoca.
("Lídia Duarte")

domingo, 6 de novembro de 2016

Poema - Adiós


Não te quero de volta, Não tente me dar outra resposta, Nada justifica os erros que cometeu Não quero mais os seus conselhos, Tampouco o seu amor doentio (Será que era amor?) Não quero mais ser sua escrava E, mesmo que você me chame de ingrata, Não vou olhar para trás. Pois meu passado você roubou, Meu presente, influenciou, Mas meu futuro me pertence. E se um dia me procurar, Seja só para saber como estou, Eu juro, "meu amor", Não é mais da sua conta.

("Lídia Duarte")

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Crônica - Olhos fechados, mente aberta


Fechar os olhos, abrir a alma, expandir a mente...
É se permitir a ter uma consciência da realidade a partir do conhecimento de mundo formado pelas experiências vividas, seja pessoalmente, seja por meio de canais comunicativos... Sim, é possível viver um livro, um filme, uma conversa; histórias são capazes de tocar o íntimo do pensamento humano de inúmeras formas - e, de tão intrínseco no cotidiano, mal dá-se conta desse fenômeno.
Os olhos estão fechados, em contrapartida há um mergulho em meio a conhecimentos diversos, reais e ilusórios - fruto das emoções, que pregam peças quase sempre, por exemplo -, instrumentos que, em conjunto, formam opinião e moldam o indivíduo. E é uma coisa tão única, tão pessoal, que é impossível achar duas pessoas que compartilham um mesmo conhecimento de mundo, uma vez que as experiências atingem de forma distinta cada indivíduo; uma pessoa que gosta das histórias do Nicholas Sparks (ou do José de Alencar, ou da Glória Perez, para ser um pouco nacionalista) provavelmente tem uma visão diferente do amor, se comparado a alguém que leu os textos de Schopenhauer, assim como dois que possuem conhecimento das obras desse filósofo não abstraem de forma igual (e tampouco integralmente) a tese defendida por ele.
É como se todo o saber acumulado previamente filtrasse as informações recebidas, e as julgadas de caráter agregador formam novos fios que se entrelaçam aos antigos. Entretanto, com o tempo, os poros da peneira tornam-se menores, impedindo a absorção de novos conhecimentos, e como o bombardeamento de informações é constante, manter-se estático, convicto em relação às opiniões pessoais, não é lá uma coisa muito boa; é necessário despir-se um pouco de ideias consolidadas, refletir sobre tudo (Seria a dúvida cartesiana mentalmente saudável?), adequar-se às mudanças de pensamento do meio, posicionando-se contrário ou favorável e usando argumentos bem fundamentados, cortar, remendar, mudar a peneira, sair da zona de conforto - tudo isso com bom senso, encontrando a mediania entre ser estático e ser inconstante.
Assim, de olhos fechados, mergulhar em um mar de informações e construir novos conceitos, opiniões, valores, que posteriormente poderão ser alterados; basta apenas não permanecer na superfície e com os olhos abertos.

("Lídia Duarte")