A verdadeira história
Pouco tempo depois,Marie tivera que
viajar para tentar a sorte em Paris,a capital francesa,pois sua profissão não
ia muito bem em sua cidade natal,uma vila no interior na Bélgica.A garota tinha
planos de se mudar para lá se arranjasse um belo emprego,porém naquele momento
o seu romance com Calvin estava tão maravilhoso que ela seria capaz de tudo para mantê-lo.
Chegado
o grande dia da partida de Marie,Calvin ainda não havia se acertado com sua
carreira de corretor de imóveis,mas decidiu,em uma atitude um tanto
ousada,largar tudo para mudar-se também para Paris.Obviamente,sua namorada
ficou muito contente,e convidou-o para tomarem um café,para despedirem-se da
Bélgica de uma vez por todas.
Ao
chegarem na cafeteria,escolheram a mesa mais reservada do local e pediram,cada
um,um capuccino bem quente.Minutos depois de a bebida chegar,os dois já estavam
envoltos em um beijo mais do que romântico,absortos em sua paixão.A
garota,tímida como sempre,ficou muito corada quando percebeu que todos no local
a olhavam,espantados pela cena que acabaram de ver.Marie sugeriu que os dois
fossem embora e aproveitassem o ultimo dia na Bélgica em outro lugar.
Caminhando
por um parque lindo no centro de Bruxelas,o casal acabou por parar de vez em
uma loja de bolos confeitados,que os impressionou pela beleza e delicadeza nos
detalhes das milhares de rosas,tulipas e jasmins doces que decoravam as
centenas de bolos que estavam expostos.
Surpreendendo
sua namorada,Calvin disse,delicadamente:
-Quem sabe o bolo de nosso casamento não
possa ser tão lindo quanto algum dessa loja?Eu deixarei você escolhê-lo,porém
eu quero que seja com recheio de doce de leite trufado,o meu preferido.
Os dois riram fervorosamente,e Marie
completou:
-Muito bem senhor,onde pretende chegar com
esse papo de bolos e doce de leite?Amanhã viajaremos para Paris para tentarmos
uma nova vida lá nessa nova cidade e nós aqui,pensando em bolos.
-Pois então esqueça Paris e
case-se comigo!Disse
Calvin,nervoso com o pedido que acabara de fazer-Eu te peço,seja minha esposa!
-Mas somos tão jovens,meu
amor,você não acha um pouco cedo demais não?Completou Marie,aturdida.
-Nosso amor é tão jovem,mas é puro e
verdadeiro.Case-se comigo...
-Sím!Respondeu a jovem,que agora se
tornaria esposa se Calvin.Mas e a viajem
que iríamos fazer.
-Dizem que Paris é a capital
dos namorados.Vamos tentar a nossa sorte?
Sem hesitar,a garota respondeu:
-Se você diz,prosseguiremos com nossos planos
e seremos felizes em nossa jornada.
***
Dez
dias depois,os dois já haviam se instalado em um apartamento simples nos
subúrbios de Paris,e Marie já havia conseguido um emprego em uma clínica local
que precisava de uma médica assistente.
Entretanto,Calvin
ainda não encontrara trabalho,e passava as tardes a rondar pelo
bairro,sozinho,e cantarolava algumas cantigas de amor para as belas moças que
passavam na rua.A pobre Marie nem desconfiava,e todos os dias chegava do
serviço,exausta,e dava um jeito de arrumar a casa e o jantar para seu
esposo.Oficialmente,os dois ainda não haviam se casado,mas já eram quase marido
e mulher.A jovem acreditava veemente que seu marido procurava por
trabalho,porém o mesmo ficava a vagabundear pelas ruas e trair Marie com outras
mulheres durante todo o dia.
Contudo,os
dias de mordomia de Calvin se acabariam pouco tempo depois,quando Marie adoeceu
gravemente e seu marido teve que ficar de acompanhante no hospital por cerca de
duas semanas e mais uma em casa,até que a garota estivesse completamente
curada.
Por
fim,os dois resolveram oficializar a união quase três meses depois de se
instalarem na França.Foram a um cartório e registraram o enlace.A tola menina
assinou os documentos certa de que Calvin a amava,porém tudo não passava de uma
peça teatral criada por ele.
Tempos
depois os dois fizeram uma viagem de volta para a Bélgica,onde iriam visitar os
parentes e anunciar a boa nova do casamento a todos.
Chegando
na vila em que seus pais moravam,Marie apresentou o esposo à mãe,que já o
conhecia,que foi agraciado com uma cortesia digna de reis,pois sua sogra
convidara-no para se estalar um tempo por ali.
A
casa de Marie era grande, porém simples, e a jovem ficava muito confortável por
lá, por isso os dois decidiram aceitar o convite e se instalaram ali. O quarto
do casal ficava no andar de cima,e as malas foram levadas por ele assim que
souberam onde iriam ficar.
Duas
horas depois,o homem já dormia na cama de casal,deixando a esposa sozinha a
cozinhar o jantar.Ela já demonstrava certo desapontamento com o marido,e temia
que algo de ruim acontecesse com ele,pois o mesmo mostrava-se muito
cansado;porém acalmou-se achando que daquela vez o cansaço seria fruto da
viagem longa que fizeram,e que aquela situação de estresse se resolveria
naquela cidade pacata em que estavam.
A
mãe e a filha ficaram horas conversando na cozinha.Falaram de tudo um
pouco,desde assuntos banais a seríssimos conselhos sobre filhos e a vida
conjugal.Explicou que,naquele momento,a filha deveria se precaver e evitar
relações com o marido,pois era muito jovem para ter filhos.Marie concordou,e
disse que a carreira de médica estava prestes a deslanchar,e não perderia
aquele sonho por nada.Quando foram
ver as horas,já se passavam das duas da madrugada,e as mulheres resolveram ir
se deitar.
Ao
amanhecer,bem cedo,Marie levantou-se e foi cuidar dos afazeres
domésticos.Ela,como sempre,fazia as refeições da casa.e seu marido continuava
dormindo até que ela o chamasse para o almoço.E assim se passaram as duas
semanas que o casal ficou ali.Ela,cada dia mais desapontada por ser esquecida
pelo homem que a amava,ele,envolto em seu drama teatral,aguardava ansioso a
volta para Paris.
Enfim,chegou
o dia de voltarem para casa.Marie ficara durante toda a manhã matutando coisas
com a mãe,e as duas combinaram de se ver em breve e dessa vez era a mãe quem
iria visitar a filha.Um pouco grosso demais,Calvin pegou as malas,colocou-as em
um carro que alugara e despediu-se da sogra,que morava sozinha pois o marido
havia falecido há três anos.Marie,chorando, carinhosamente despediu-se da mãe e
recolheu suas malas ao carro.Aquela despedida seria sofrida,pois a mãe
representava para Marie a honra de ser uma Wilheim,uma figura generosa e ao
mesmo tempo astuta,que era ótima conselheira.
Cerca
de algumas horas depois,o casal chegara em Bruxelas para pegar o ônibus que os
levariam para Paris,porém Calvin disse que tinha negócios a resolver na cidade
e que teria que se instalar por ali por uma semana.
-Quais tipos de negócios,meu amor?Questionou
Marie,desconfiada.
-Coisas de corretor!Você não vai entender- Respondeu-a
Calvin,um pouco indelicado- Vá e prepare
minha casa para meu retorno.Quando eu voltar,quero ter um filho com você.
Aturdida e consternada,Marie deu meia
volta e desatou a chorar silenciosamente.Não despediu-se de seu marido antes de
ir rumo ao terminal rodoviário para ir à Paris.
“O
que ele queria dizer com ter um filho comigo?”-Marie ficou por horas
matutando a frase de seu marido.
***
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