Andando pelas ruas deparei com uma situação
interessante: uma jovem menina de 12 anos, aproximadamente, chorava
desesperadamente em frente a um prédio. Prontamente fui ajuda-la.
- O que foi? O que
aconteceu?
- Fui roubada! –
respondeu ela em meio às lágrimas.
- Roubada? O que
levaram?
- Meu coração! –
E caiu no chão em desespero.
Assustada,
entendi logo do que se tratava.
- Querida, qual é
o seu nome? – Perguntei calmamente a fim de tranquiliza-la.
- Ale...
Alessandra – Disse entre soluços.
- Vamos. Conte-me
o que aconteceu querida.
Levei-a para uma lanchonete próxima e comprei
um pote sorvete para que ela acalmasse.
Agradecida
começou a falar:
- Eu estava na
festa da Maya e...
- Maya? Quem é
ela? – interrompi
- Minha melhor
amiga. – disse ela sem entusiasmo.
- Ah. Quantos anos
ela tem?
- Não sei, mas
acho que está terminando a faculdade.
Estava alarmada. Procurei
obter a maior quantidade de informações possíveis e sutilmente liguei meu
gravador de voz.
- Continue meu
bem. – Encorajei com um sorriso.
- E lá estava o
Luiz, mas eu não entendi porque as pessoas chamavam ele de Fernando também...
- E ele era da
idade da Maya? – indaguei.
- Sim, eu acho –
respondeu confusa.
- Conte-me mais, por favor.
A menina se endireitou
na cadeira, como se refletisse no que deveria contar ou omitir. Tive um
pressentimento ruim, sabia que essa história não teria um final bom.
- Ele é lindo. Um príncipe. Disse que me amava
e que quando as pessoas se tornam mais velhas, Deus dá a elas o poder da visão.
Ele disse que éramos almas gêmeas e que estávamos destinados a ficar juntos
para sempre... – Rapidamente, a expressão do rosto dela alterou. Estava
omitindo uma parte crucial. – Ele disse que eu era linda... que se casaria
comigo, que morava aqui – apontou para o prédio – mas acho que eu sou burra
demais... Deus me castigou.
- Castigou? Ele
fez alguma coisa com você, Alê? Posso te chamar assim?
- Pode – hesitou –
Ele me levou para um quarto para continuar a história e disse que teríamos que
fazer um ritual para sermos abençoados por Deus... E foi aí onde eu fiz algo de
errado – começou a chorar novamente.
- Ritual?
- É. Hm –
ponderou – Ele me chamava de anjo enquanto beijava meu corpo todo. Tirou minhas
roupas e...
Levei-a para meu
posto de trabalho, desesperada. A menina, confusa, não entendeu de início, mas
eu já conhecia o procedimento. Era a terceira jovem que sofreu abuso em dois
dias.
("Jéssica Stewart")
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