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terça-feira, 16 de agosto de 2016

MINICONTO - Bilhete

      Abriu o papel enrolado achando que encontraria ervas ou o pó branco, a cocaína de sempre. Pensou em voltar e esbofetear o traficante quando descobriu que naquele dia não iria fumar seu baseado. Sua cabeça rodopiou quando viu que o papel embrulhado era um bilhete. Em letras tortas e em uma escrita grossa e voraz, as letras pareciam querer saltar do papel tal qual o desespero de quem as escrevera. Era um recado que desejava sair como um grito. 
      O drogado coçou os olhos enquanto as letras tomavam forma em sua mente. O raciocínio era lento e as palavras demoraram muito para surgir. O que não demorou foi a boca aberta perante o assombro. Há tempos pensava que estava sozinho no mundo.
     No papel, lágrimas secas borraram algumas letras, mas ainda podia-se ler o recado.
     "Mamãe ainda te ama. Nunca se esqueça disso".


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